João Rossato, bombeiro e fotógrafo, foi o homenageado da noite.
Desde o ano de 2010 João Rossato vinha editando seu material fotográfico tendo em vista o ano de 2015, quando o Corpo de Bombeiros comemorariam 100 anos.
Esse material passou para a responsabilidade do AC Sales, seu amigo desde a dedada de 60 ,para que ele fizesse a curadoria da mesma.
Essa exposição com 96 fotos, hoje no piso térreo da Casa da Cultura, até 31 de maio, , traz fotos de salvamentos , de cursos e de simulados realizados na década de 80 até 2012, quando João, com muito orgulho, fez um ensaio fotográfico simulado usando um colete amarelo,escrito nas costas: “Fotografo Bombeiro”; oferecido pelo comandante dos Bombeiros, na época, Coronel Barbosa .
Em outras salas temos fotos artísticas dos amigos do João, clicadas nessa mesma época, e as fotos pelas quais João foi premiado em primeiro lugar e menções honrosas em Salões , Bienais, Concursos Nacionais e Internacionais.
João Henrique Rossato, Primeiro Sargento Rossato, serviu durante 30 anos na corporação , e quando se aposentou continuou sempre em contato com os amigos bombeiros, fazendo fotos .
João foi fotógrafo em muitos casamentos , aniversários, formaturas e festas de seus amigos do Corpo de Bombeiro .
Atuava na fotografia autoral e cursos de fotografia.
No cinema fez vários filmes , ganhadores também de vários prêmios , como o Kikito de Ouro, em Gramado ,filme de Paula Fabiana.
João vivia uma vida tão corrida, com tantos eventos , que consumava dizer que ia para o quartel descansar no horário de expediente, que era de segunda a sexta-feira.
João ensinou a técnica de escrever com a luz para muitas pessoas na cidade e região: sua marca registrada era a luz de cinema que só ele sabia fazer.
Sempre que possível sua esposa Elza, também fotógrafa, o acompanhava na feliz tarefa de fotografar .
Junto com Elza , João trabalhava num estúdio , com editorial de moda, elenco e filmes comerciais.
No Ribeirão Shopping , fotografou o primeiro desfile de modas na Divertilândia até à época do auge dos desfiles com Tomaz Pilegi e Carlos Garbim.
Nas passarelas fotografou com Rita Galati , Beto Orlandine , João Paulo Galoni
João deixou tantos amigos que é impossível citar nominalmente a todos mas, para representarem os demais, destacamos:
No Corpo de Bombeiros: o Sargento Grau Capitão Rodrigo , Major Nomellini e Coronel Barbosa.
Dentre os fotógrafos :Antonio Carlos Sales , Carlos Lagamba.
De sua família: Maria Jose Rossato.
Do MIS : Ewaldo Marçal Arantes.
João Rossato fotografou também com um dos maiores produtores e cenógrafo do Brasil, Serjada Miranda , responsável por toda essa maravilhosa produção da exposição “ Profissão Bombeiros”, com auxilio do Grupo Amigos da Fotografia.
Segue um artigo de minha autoria, colocado junto a uma das fotos da exposição.
Vadinho, o primeiro marido de Dona Flor, personagem de Jorge Amado, morreu num domingo de Carnaval, pela manhã, quando, fantasiado de baiana, sambava num bloco, na maior animação, no Largo Dois de Julho, não longe de sua casa. Não pertencia ao bloco, acabara de nele misturar-se, em companhia de mais quatro amigos, todos com traje de baiana, e vinha de um bar no Cabeça, onde o uísque correra farto à custa de um certo Moyses Alves, fazendeiro de cacau, rico e perdulário.
João Rossato também morreu num domingo de Carnaval, longe de casa, mas num leito da Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto, para onde foi levado não pelo uísque, mas pelos pulmões tomados pela nicotina. Não sambava num bloco, apesar do dia e de gostar de Carnaval, mas estava cercado de amigos, física e espiritualmente.
Mas fotógrafo não morre, vira relâmpago.
Numa simbiose, por conta dos Deuses da Fotografia, João virou flash de uma cósmica máquina fotográfica: Fiat lux.
Doravante, nas noites de tempestades, os raios não serão os mesmos: o fotógrafo João Rossato estará orientando São Pedro e suas hostes celestiais para que a iluminação seja impecável.
Os querubins vão gostar do João, o João moleque, de sorriso travesso, tirando fotos do que há de mais secreto sob as asas dos arcanjos, como fazia com a musas nos desfiles de Carnaval.
Por outro lado, o Lúcifer ficará de prontidão com a chegada do bombeiro João: o fogo do inferno que se cuide.
O mundo poderá não acabar, de acordo com as previsões do calendário Maia, mas, a partir de hoje, vinte de fevereiro de dois mil e doze, é o fim do mundo fantástico visto sob as lentes mágicas do João.
No céu, de imediato, só não haverá ensaio fotográfico porque Elza, a diretora de fotografia, não estará com ele para organizar, nos mínimos detalhes, o espaço adequado.
E, quando o firmamento for de brigadeiro, abra um sorriso, faça uma pose e olhe para o alto, porque Rossato estará fazendo algumas de suas fotos aéreas ao lado de Exupéry e seu Pequeno Príncipe.
PC Falseti e Toni Miyasaka deverão apresentá-lo a Bresson, depois da recepção montada às portas do Paraíso, no mundo astral, pelos ribeirãopretanos, escritores com a luz.
Partiu, enfim, nosso querido mestre da fotografia, João Rossato, possivelmente querendo gritar: Lá vou eu, Elza, minha loira e querida companheira.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br