JUGURTA DE CARVALHO LISBOA NA BIBLIOTECA DO CLUBE DE REGATAS

O escritor Jugurta de Carvalho Lisboa realizou manhã de autógrafos do livro , “Do fundo do baú “ na Biblioteca do Clube de Regatas, no domingo, dia 9 de março de 2014, das 10 às 11 horas da manhã.
A presença dele foi a 73ª de uma série, que o conselheiro e colaborador, escritor Antônio Carlos Tórtoro, tem levado ao Regatas em um dos finais de semana de cada mês, com o objetivo de incentivar a leitura e apresentar aos regateiros os escritores de Ribeirão Preto e região.
Detalhe : há exatamente seis anos — 3 de março de 2008 — a biblioteca do Regatas recebia a visita da primeira escritora, NIlva Mariani, (falecida recentemente) a prestigiar o projeto Escritor na Biblioteca do Regatas.

Jugurta nasceu em Cássia. Mudou-se para Paraíso na pré-adolescência, onde passou boa parte de sua vida, até ingressar em Furnas. Residiu no Rio de Janeiro. Em 2004 mudou-se para Ribeirão Preto. A decodificação, da memória para o computador, foi iniciada há um ano. O resultado materializou-se, e veio a lume, “Do Fundo do Baú”.
Participou das antologias Ave,Palavra! , Editora Funpec, 2009 e Ponto & Vírgula, 2ª. e 3ª edições, da mesma editora.

Jugurta compareceu acompanhado de sua esposa, a escritora Ely Vieitez Lisboa e a filha Gizelda, que brindaram com Tórtoro a importância do momento.
Prestigiaram o evento o vice-presidente Antonio Cese, os diretores Rodrigo Simões e Luiz Carlos Guimarães Collucci, amigos do escritor, associados do Clube.
A Diretoria do Regatas, como de costume, serviu o tradicional café da manhã aos presentes.
A bibliotecária Grace recebeu exemplar do livro das mãos do autor — que veio enriquecer o acervo de mais de dois mil títulos.
Fotos de Lu Degobbi – Grupo Amigos da Fotografia

JUGURTA: NOSSO BOLDRIN

“Quando embarco nas minhas recordações, remexo tão fundo no baú, que até eu mesmo fico espantado ao ver quanta coisa está guardada lá”.

Quem conhece o mineiro de Cássia, Jugurta de Carvalho Lisboa, sabe que ele lembra boteco, cerveja, caipirinha, “tira-gostos”, petiscos baratos e uma conversa sem compromisso.
Jugurta também lembra Rolando Boldrin, compositor, cantor, ator e apresentador de TV que é conhecido por esse Brasilzão com o rótulo do qual se orgulha: um contador de causos, dos “bão”.
É sempre bom encontrá-lo e compartilhar sua expressão de menino travesso, gestos tão largos quanto o sorriso, abraço apertado de quem parece encontrar alguém que há muito tempo não vê: JC é um jovem de oitenta anos.
Melhor ainda é ler JC.
A leitura de seu Do Fundo do Baú faz transbordar nosso baú particular de memórias, com novas histórias, novos personagens reais, novos termos e expressões regionais, porque, em cada texto, como escreve Adriana Silva, na orelha do livro: “…a conexão se estabelece, envolvendo o leitor, o escritor e o personagem”.
As situações que emanam de seus causos impregnam nossa mente como o hálito de Zé Paraíba: depois de ler JC, fica difícil ouvir causos, de quem quer que seja, sem se lembrar da Literatura Testemunhal desse mineirinho que plantou raízes num paraíso criado pelo Grande Arquiteto na divisa entre Ribeirão Preto e Jardinópolis.
JC é um Dante que durante sua vida passou por paraísos, purgatórios e infernos, em terras de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro — mas diferente do Alighieri, teve a felicidade de poder dividir seus dias com uma Beatriz especial, minha amiga/irmã Ely Vieitez Lisboa — e traduz essa mina de experiências vividas em quarenta histórias que “desnudam lugares, épocas, culturas e tradições”.
Como diz no prólogo, meu amigo/irmão Waldomiro Peixoto: “A simplicidade para se expressar e a síntese ao condensar um mundo exuberante em pequenas histórias, são a principal marca de estilo de JCL”.
Sabedor que sou de que há uma necessidade de cada um de nós — nesses tempos de solidão, de átomos, de fragmentos, de rapidez, de indivíduos, de descontinuidade, numa era tecnológica da imagem — de encontrar uma voz, a voz de um narrador ecoando transformada e transformadora, li o livro de JC como se o ouvisse contá-las em um rancho de beira de rio, rodeado de amigos, à luz de um lamparina a querosene, e o som de uma viola chorosa, intercalando capítulos.
Do Fundo do Baú é o primeiro passo literário de JC que promete abrir caminho para novas investidas no campo da literatura, pois, segundo o autor : “quando pensei que a estrada tinha terminado, o horizonte mostrou-me que a caminhada estava apenas começando”.
E está.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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