“Atrás da câmara, deve estar um temperamento verdadeiramente artístico, de apurado senso estético, que consiga transmitir suas emoções num simples retângulo, onde tudo terá de ser dito em cores ou entre o branco e o preto, de uma forma pessoal e inconfundível, original e sintética”.
Jacob Polacow – FCCB
Todos vimos, pela TV, as declarações do jogador Ronaldo, quando de sua chegada ao Corinthinas, no dia 12 de dezembro de 2008: “sou mais um louco para o bando”.
Ser mais um louco num bando, recebendo milhões de reais, parece-me muito fácil: difícil, mas muitíssimo prazeroso, é ser um louco num bando de loucos em que nenhum deles recebe um centavo sequer para trazer para Ribeirão Preto duas bienais nacionais de fotografia, com participação de onze estados e duas mil e duzentas fotos.
Estou me referindo aos loucos do Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto, sob a presidência de João Rossato e direção de Elza Rossato que , num sábado, das 8 às 20 horas, ininterruptamente, trabalharam para que os jurados Beto Borges, Cesar Mulati e Jefferson Barcelos, conhecedores profundos da arte de Daguerre, pudessem, numa verdadeira maratona de cores, luzes, formas e beleza, ter condições físicas e mentais para escolherem as 108 fotos da Primeira Bienal de Arte Fotográfica Natureza em Cores, e as 210 fotos da XVI Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Cores.
A escolha transcorreu numa tranquilidade e num silêncio de convento, vez ou outra quebrado por um comentário ante o inusitado ou a beleza de algumas fotos: diante de um achado, como se costuma chamar entre os trovadores, aquela ideia genial que ilumina mente e olhos do observador mais sensível e profissional.
Durante onze horas, interrompidas somente por alguns minutos para o almoço e um lanche, imagens de todo o Brasil desfilaram perante os olhares críticos e atentos de julgadores, e, ao mesmo tempo, deliciaram e saciaram a sede de luz e de belo de cada um dos fotógrafos que estiveram envolvidos no trabalho de organização das fotos, preparação da alimentação, digitalização e formatação dos dados nos computadores, cobertura fotográfica para divulgação na mídia e nos sites especializados.
E o resultado final não foi surpreendente, mas foi auspicioso: oitenta por cento dos fotógrafos do Grupo Amigos da Fotografia, cujas fotos foram escolhidas para serem expostas no dia 6 de junho, na Casa da Cultura, é de jovens fotógrafos, saídos dos estúdios de Elza e João Rossato, jovens que, se não superaram, igualaram-se aos seus mestres.
Os fatos acima narrados demonstram, na práxis, a grandeza de espírito e o desprendimento que envolve os membros de um grupo de fotógrafos que, mais uma vez, recebeu apoio irrestrito da Secretaria Municipal da Cultura de Ribeirão Preto, na pessoa de Valério Dias , Diretor de Atividades Culturais , e da Secretária, Adriana Silva.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO