“Quando você só usa o caminho de volta, acaba esquecendo o de ida. Às vezes perdoar é lindo, mas dizer adeus pra quem merece é mais…”
Miguel Falabella
Tenho horror de gente que reconhece o erro, pede desculpas, mas nada faz para remediar as consequências do erro cometido.
Pedido de desculpas, sem o respectivo ato que venha a remediar as perdas das pessoas atingidas, não passa, para mim, de choro de Madalena arrependida.
Amar é não ter que pedir perdão.
Fico ainda mais indignado quando aquele que vem, simplesmente, pedir desculpas ou justificar determinadas posturas ou atitudes, ainda fica nervoso e agride com palavras ofensivas quem não lhe dá o perdão exigido: são como crianças que se jogam ao chão quando querem algo e não conseguem.
Dizem que você é um idiota que não está entendo nada, quando, na realidade, você está entendo claramente…mas não concorda.
Pessoas assim só podem ter tido uma criação em que tudo foi a elas permitido, e as marcas e as chagas abertas por suas palavras e condutas sobre a alma e sentimentos de outros, sempre foram resolvidas com um pedido, puro e simples, de desculpas. Acham-se superiores — acham que devem ser perdoadas setenta vezes sete — por estarem pedindo perdão e criticam como presunçosas pessoas que, por respeito a si mesmas, simplesmente, não aceitam uma palavra ( somente palavra) de desculpas.
Mas eu pergunto, usando as palavras do mesmo Evangelho, o de Lucas 23: porque o Cristo, diante das mulheres que batiam nos peitos e lamentavam o martírio Dele, a elas não respondeu com palavras de perdão mas, sim, com as seguintes palavras: Filhas de Jerusalém (elas, afinal de contas, de certa forma, estavam pedindo perdão) , não choreis por mim;chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos” ?
Não me parecem palavras de perdão incondicional. Ameaça de troco ?
Imaginemos por alguns instantes, jogarmos fora as Tábuas Modernas da Lei, um mundo em que TUDO será perdoado: crimes contra a pessoa, contra a honra, contra a administração pública, contra o patrimônio, contra a dignidade sexual, contra a incolumidade pública, contra o patrimônio histórico, contra a administração da justiça: uma terra em que todos perdoem tudo.
Na política é a mesma coisa.
Quando você vota em alguém ou partido político, você é responsável pela vida futura de milhões de pessoas. A conduta corrupta de seu eleito deve sim ser denunciada e combatida por você que o colocou nessa posição de poder.
Ninguém é infalível e, justamente por isso, devemos estar abertos às críticas, sem inventar justificativas: nada justifica o erro.
Votei em Collor. Errei. Ajudei, dentro de minhas possibilidades, no impeachment dele. Não defendo Collor e nem minha decisão de haver votado nele. Fui enganado. Acreditei em promessas.
Hoje vejo pessoas que votaram no PT/ PMDB e em Partidos que apóiam o atual governo, mas que diante dos fatos atuais, preferem se calar e lastimar. Não botam a cara para bater nos corruptos e ainda tentam justificar, lembrando erros dos outros, os erros de seus eleitos: ninguém é santo !!!!
É óbvio que ninguém é santo, assim como ninguém é bandido até que se prove. Mas provado o crime, tem que haver o castigo e a compensação do dano causado: o que não tem ocorrido por culpa de nossos legisladores que deixam brechas enormes ( que são arreganhadas vergonhosamente diante do poder político e econômico) na lei.
Adeus aos que não concordarem por eu não conseguir ser politicamente correto.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
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