ARTIGO: TRUMP X ZELENSKY E O DESRESPEITO.

 

TRUMP X ZELENSKY E O DESRESPEITO.

 

“Assim embaixo como em cima, assim no microcosmo como no macrocosmo” 

 

A frase em epígrafe é um conceito encontrado na Tábua de Esmeralda, atribuída a Hermes Trismegisto, e sintetiza o entendimento de que o universo é estruturado de maneira fractal, onde padrões se repetem em diferentes escalas: a relação entre quem manda e quem obedece ocorre entre líderes de nações ou entre indivíduos comuns mortais.

A relação entre quem manda e quem obedece é sustentada por um fio delicado chamado respeito. Quando esse fio se rompe, é como a quebra de um vaso chinês: por mais que se tente colar os pedaços, as marcas da ruptura jamais desaparecerão.

No momento em que a autoridade perde o respeito de quem deve segui-la, não há ordem que se imponha sem resistência, nem obediência que não venha carregada de ressentimento. O comando, antes natural e aceito, torna-se imposição. A obediência, antes voluntária e disciplinada, se transforma em mera formalidade, desprovida de compromisso verdadeiro.

Assim como um vaso chinês quebrado pode até ser remendado, mas nunca mais terá o mesmo valor e beleza, a relação entre líder e subordinado, professor e aluno, chefe e funcionário, ou pai e filho, jamais será a mesma depois que o respeito se esfacela. E, muitas vezes, a tentativa de restaurar o que foi perdido resulta apenas em um objeto frágil, remendado e sem brilho.

Por isso, preservar o respeito é essencial. Ele não se impõe pela força, mas se conquista pela coerência, pela justiça e pelo exemplo. Pois uma vez quebrado, não há cola capaz de restaurar sua essência.

E por falar em quebra de respeito, a reunião realizada recentemente na Casa Branca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi marcada por tensões e desrespeito por parte do líder americano. O encontro, que inicialmente visava fortalecer a cooperação entre os dois países, rapidamente se deteriorou em um confronto verbal público.

Durante a reunião, Trump adotou uma postura condescendente, tratando Zelensky como um subordinado. Ele acusou o presidente ucraniano de “brincar com a vida de milhões de pessoas” e de estar “brincando com a Terceira Guerra Mundial”, insinuando que a Ucrânia deveria demonstrar mais gratidão pelo apoio dos EUA . Além disso, Trump afirmou que seria “muito difícil fazer negócios” devido à atitude de Zelensky .

A situação se agravou quando Trump sugeriu que a Ucrânia deveria ceder parte de seu território à Rússia como forma de encerrar o conflito, proposta que foi recebida com resistência por Zelensky. Trump também pressionou por um acordo que garantiria aos EUA acesso aos recursos minerais ucranianos: comparo a situação a de um patrão que propõe retirar parte do salário de seus   funcionários com o objetivo de salvar a empresa, e acredita que esse procedimento deve ser aceito sem questionamento por parte do funcionário.

A reunião terminou abruptamente, sem a assinatura do acordo planejado, e Zelensky deixou a Casa Branca antes do previsto. Trump declarou que o presidente ucraniano poderia retornar “quando estiver pronto para a paz” . Esse episódio ressalta uma dinâmica desigual entre os dois líderes e levanta questões sobre o futuro das relações entre os EUA e a Ucrânia.

Enfim, quem conhece história, sabe as origens do atual conflito e, por esse motivo, não vou entrar em juízo de valores, mas essa conversa poderia ter sido mantida em um nível mais elevado, porque o problema não é o que se discute, mas a forma como o assunto é posto à mesa.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

 

COMENTÁRIO(S) SOBRE O ARTIGO ACIMA:

 

Excelente, disse tudo.

O Trump é de um desrespeito total, desconhece a soberania dos países. A Europa está de olho.

País nenhum tem como sobreviver sozinho.

CARMEN A. KAIRALA – Profa. e amiga de longo tempo.

 

Lamentável episódio, retrata os tempos atuais em que tudo é  relativizado  e as barreiras do respeito e da decência  já foram ultrapassadas. Muito bom seu texto e colocações.  Tempos estranhos.

ADRIANO ROBERTO – Escritor

 

Muito bom como sempre seus textos, sua narrativa concisa e sua extraordinária leitura da subjetividade tão complexa do “viver”.

Me manda mais!

Abraços, carinhos e beijos na esposa!

SONIA POZES DE FREITAS – Amiga de longo tempo e mãe de ex-aluno

 

 

 

 

 

 

ACADEMIAS, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, ARTIGOS, LITERATURA

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