ARTIGO – ENTRE COLUNAS: MAS NEM TANTO

 

ENTRE COLUNAS: MAS NEM TANTO.

 

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!

Salmos 133

Diante da situação caótica, em todos os sentidos, em que vive o Brasil no presente momento, passei a refletir olhando para a tela da TV, e vendo multidões tresloucadas seguindo como gado um trio elétrico, como se vivêssemos no mais perfeito paraíso na Terra.

Repassei mentalmente os princípios básicos da Maçonaria e sua participação em momentos importantes da História do Brasil.

A Maçonaria é uma sociedade discreta e filosófica que busca o aprimoramento moral e intelectual de seus membros. Seus principais princípios são:

Liberdade – A Maçonaria valoriza a liberdade de pensamento, de consciência e de expressão. Cada maçom deve ser livre para buscar seu desenvolvimento pessoal e espiritual.

Igualdade – Todos os maçons são considerados iguais dentro da Ordem, independentemente de sua origem, profissão ou condição social.

Fraternidade – A Maçonaria promove a união e o respeito entre seus membros, incentivando a ajuda mútua e a solidariedade.

Justiça – O maçom deve agir com retidão, buscando sempre a verdade e a equidade em suas ações.

Tolerância – A diversidade de pensamentos e crenças é respeitada, e os maçons são incentivados a dialogar com harmonia e respeito.

Trabalho – O aperfeiçoamento pessoal e o bem da sociedade exigem esforço contínuo. O trabalho é visto como uma ferramenta para a construção do caráter e do bem-estar coletivo.

Sigilo – Os ensinamentos e rituais maçônicos são reservados aos membros, preservando a tradição e a identidade da Ordem.

Além disso, a Maçonaria defende valores como a busca pelo conhecimento, a prática do bem e a construção de uma sociedade mais justa e ética.

Isso posto, lembrei-me de que a Maçonaria teve um papel significativo na história política do Brasil, especialmente durante o período colonial, a Independência, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. No início do século XIX, maçons como José Bonifácio de Andrada e Silva influenciaram a Independência do Brasil em 1822, com Dom Pedro I sendo iniciado na ordem. Durante o Segundo Reinado, muitos maçons participaram do movimento abolicionista, como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. Já na Proclamação da República, em 1889, figuras como Marechal Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, ambos maçons, tiveram papel central na transição do regime monárquico para o republicano.

Recentemente vi, na Internet, um cidadão defendendo a criação de um lobby maçônico no Congresso Nacional, que teria como objetivo principal, colocar ordem na Casa, e restabelecer o péssimo conceito que hoje pesa sobre nossos congressistas, inclusive com muitos maçons entre eles.

A ideia de criar um lobby maçônico no Congresso Nacional para defender os princípios da Ordem pode parecer, à primeira vista, uma iniciativa louvável. No entanto, ao analisarmos a realidade política e maçônica, percebemos que a questão não é a presença ou ausência de maçons no poder, mas sim a essência dos valores que cada indivíduo carrega ao ingressar na política.

Não há dúvidas de que já existem maçons ocupando cargos no Congresso. O problema é que muitos deles não chegaram à Maçonaria por vocação filosófica ou compromisso com os ideais de ética, justiça e moralidade. Pelo contrário, foram aceitos na Ordem justamente porque já eram políticos de destaque, o que pode ter lhes conferido prestígio dentro da Fraternidade, mas não necessariamente os fez praticantes dos princípios que ela prega.

O caminho deveria ser outro: primeiro, formar maçons convictos de seus valores, verdadeiramente comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e ética. Só então, esses homens, preparados e guiados por princípios sólidos, deveriam ingressar na política. Dessa forma, levariam consigo um caráter já moldado pelos preceitos maçônicos e poderiam atuar com integridade, colocando o bem comum acima dos interesses pessoais ou de grupos.

O político que entra na Maçonaria sem uma base ética genuína dificilmente se transformará. Pelo contrário, ele tende a continuar pensando e agindo como político no pior sentido da palavra: negociando favores, priorizando conveniências e mantendo práticas que muitas vezes contradizem os valores que deveria defender. A política, quando exercida sem moralidade, corrompe e desvirtua, tornando-se um fim em si mesma.

Portanto, concluí com meus botões, que o verdadeiro desafio não está em criar um lobby maçônico, mas sim em garantir que a Maçonaria forme homens íntegros antes que eles se tornem políticos. Somente assim será possível ter representantes verdadeiramente comprometidos com a justiça, a ética e o bem-estar coletivo, honrando os princípios que a Ordem sempre defendeu.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
UM MAÇON ADORMECIDO: MAS NEM TANTO.

Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

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