ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO , é matemático. Na sua feitura , no entanto, por engano ou santo descuido divino, misturam-se à lucidez e à acuidade , muita filosofia, um espiritualismo quase místico e farto lirismo.
Outra característica do matemático-poeta é um dinamismo irrefreável ; seu ritmo é a mil por hora, com freio preso. Basta uma análise no seu vasto currículo.
Como produzir tanto, participar de todos os grandes eventos culturais da cidade e da região ? Pertence a duas Academias, à Ribeirãopretana de Letras e à ALARP ( Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto ) . Participou de inúmeras antologias poéticas , escreve nos jornais da cidade , em seu estilo forte e combativo , tem vários prêmios literários , isto quando não está trabalhando como educador ou fazendo letras de hinos ( já com quatro premiadas ), ou prefaciando livros , acreditando nos valores que surgem . No dia 4 de maio de 2000 , recebeu da Câmara Municipal de Ribeirão Preto , o laurel de “ Mérito Cultural “ , pelo seu incansável trabalho cultural. Antônio Carlos Tórtoro é o atual presidente da ARL ( pela segunda vez ) ; é um semeador , como na parábola bíblica.
Seu primeiro livro de poemas foi “Ecos” ; após , em 1992 , veio à luz , “Edelweiss” . Nos primeiros livros já são claras as características de suas temáticas preferidas : a transcendentalização do homem , o misticismo , a fuga , busca dos mistérios da Criação , a efemeridade humana.
Em 1994, surgiu “Estrelas no Mar “ , pela Editora Moderna , livro que fez sucesso , sendo ,inclusive , até hoje , adotado em escolas. Apesar de temas subjetivos , seus poemas não são doces, leves. Muito pelo contrário : fortes , densos , realistas , mas abrandados pela linguagem cuidadosa , o termo pertinente , a sutileza.
Agora , em 2000 , Antônio Carlos nos oferece “ MOSAICO” . O poema que dá nome ao livro é um exemplo da poética de Tórtoro : tirar ouro do cotidiano , alteando-se metafisicamente , da realidade concreta do dia-a-dia. Canta a dor do homem , “incômoda ferida “ , o escapismo através da Natureza (poema “ Crepuscular” . Erudição , ritmo (“ Vozes” ) , um mergulho nas ânsias e nos mistérios abissais da alma humana (“Ânsia”) . Encontra-se em vários poemas o toque místico , essência do poeta.
TÓRTORO consegue beleza com termos ditos apoéticos , atuais , como em “Olímpica” , ou de um início coloquial , alteia-se para uma temática universal ( poemas “Lagoa” e “Gato” ).
O livro é de temáticas variadas , poemas descritivos de delicada sutileza , logo a seguir um mergulho na amargura humana, quando o poeta se torna quase niilista . Metáforas fortes, alusões, rebeldia , o espírito combativo , a não-aceitação da inversão de valores que grassa nesse mundo globalizado (poema : “Sugestão” ).
Clivagem , em psicologia , é um fenômeno do ser com dois egos : um que o prende ao chão , outro que o atrai para o infinito. Isto talvez explique bem o poeta ANTÕNIO CARLOS TÓRTORO . O poeta e o homem . Dualidade na Unidade . Corpo e alma . Realidade e sonho.
O autor de “ MOSAICO” é uma clonagem espiritual de todo ser humano perquiridor , atormentado . Por isso seus poemas são universais e nos fazem sentir uma sensação familiar . Eles procuram harmonizar , dar lucidez ao “ nosense” da existência , problema eterno da condição humana.
ELY VIEITEZ LISBOA
ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras
UBE- União Brasileira de Escritores