A VIDA, UMA VIAGEM DE TREM: HELOISA, SEJA BEM-VINDA A BORDO.

Gosto da analogia: a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques.
Quando nascemos, entramos nesse magnífico trem.
Quando mudamos de dimensão, descemos do trem.
Na manhã de hoje, cinco de setembro de 2018, Heloisa acaba de embarcar, e me fez lembrar de uma outra Heloisa: digno da posteridade, como os romances de Romeu e Julieta, na Itália, e Tristão e Isolda, na Grã-Bretanha, a história de amor trágico de Abelardo e Heloísa se passa na França, no século 12, entre o final da Idade Média e início do Renascimento. Paris, a capital de l’amour, foi o palco do romance. As memórias de Abelardo e Heloísa são uma troca intelectual que transcende o tempo e representam busca da espiritualidade.
Desejo que nossa Heloisa tenha uma viagem mais feliz com o Abelardo que um dia ela vier a escolher.
Na madrugada do dia quinze de agosto de 2018, para dezesseis, meu filho Rod desembarcou, e nos deixou órfãos do seu carinho, amizade e companhia insubstituíveis, mas posso garantir que sua passagem foi breve, mas sua obra, eterna.
Como sempre, muitas pessoas embarcarão nesse trem apenas a passeio, outras encontrarão no seu trajeto somente tristezas e ainda outras circularão por ele prontos a ajudar quem precise — desejo que seja o caso da pequena Helô . Vários dos viajantes quando desembarcam deixam saudades eternas — como ocorreu com Rod — outros tantos quando desocupam seu assento, ninguém nem sequer percebe.
Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, e vários retornos.
Façamos então, cada uma dessas viagens da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com os outros passageiros.
O grande mistério é que nunca saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros de viagem, nem mesmo aqueles que estão sentados ao nosso lado. Fico pensando se, quando eu descer desse trem, sentirei saudades. Acredito que sim, me separar de muitas amizades que fiz será no mínimo doloroso, deixar meus filhos, minha esposa, meus amigos, continuarem a viagem sozinhos será muito triste, com certeza.
Mas me agarro à esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e com grande emoção os verei chegar. Estarão provavelmente com uma bagagem que não possuíam quando embarcaram, e o que me deixará mais feliz, será ter a certeza de que, de alguma forma, fui um grande colaborador para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.
Façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranquila, que tenha valido a pena, e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades, e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.
Helô e Rod: a vida continua, mesmo em dimensões e trens diferentes.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
WWW.tortoro.com.br

ACADEMIAS, ARE-Academia Ribeirão-pretana de Educação, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, ARTIGOS, LITERATURA