PASSAGEM
Do livro Ecos, de AC Tórtoro
Vestiu o negro,
E na ausência de cor enterrou o passado.
Em ousado passo, reto, escorregou num descompasso da Senda,
Esbarrou na mística legenda.
E só,
para uma alegórica acácia,
Teve a audácia de dizer um sim,
Secreto.
Vestiu o negro.
E na pureza de um quadro,
Só moldura,
Criou sua obra , psíquica escultura.
Entre as sólidas colunas
De sustentação do ser,
Abriu os braços no escuro,
abalando o humano templo
D’antes obscuro.
Vestiu o negro.
E na presença de Luzes
Viu-se iniciado.
Acabado o ato, cede ao carma,
Desarma o espírito silente,
E sente êxtase secreto
Na onipresença do Arquiteto.