ARTIGO DE AC TÓRTORO: JULIETTE – ÚLTIMA LÍDER DO BBB 21

 

JULIETTE: ÚLTIMA LÍDER DO BBB 21

 

 

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”

 

Os Sertões

 

 

No momento, estou relendo Os Sertões: um livro do escritor e jornalista brasileiro Euclides da Cunha, publicado em 1902. É considerado como o primeiro livro-reportagem brasileiro. Trata da Guerra de Canudos, no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte da guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao mesmo tempo, tenho acompanhado o que acontece no BBB 21, onde, em ano de pandemia, — sem muitas opções de lazer — uma paraibana surge como a maior atração: Juliette Freire, com 22 milhões de seguidores no Instagram.

Uma pena que Juliette tenha conseguido ser líder somente ao final do BBB 21, quando já não mais terá direito à sua festa temática com “chão de barro, a poeira comendo e a gente dançando forró” , um desejo que ela manifestou durante a festa de Caio, seu amigo de confinamento.

Juliette, nascida em Campina Grande, mas atualmente vivendo em João Pessoa, capital da Paraíba, é filha de Dona Fátima e Seu Lourival, uma cabeleireira e um mecânico. A única da família a conseguir ter ensino superior: abandonou a faculdade de medicina para se tornar advogada.

Durante os 93 dias do reality show, mostrou-se resistente — apesar dos momentos de fraqueza e muito choro contido —  expansiva, voltada a valores familiares, uma batalhadora, sem fronteiras na força e na coragem, ilimitada na busca por dias melhores caso consiga ter em mãos o prêmio de um milhão e meio de reais.

Dona de um coração enorme, forte — apesar de fraca nas provas, ou seria falta de sorte ? —  acolhedora, buscou sempre adaptar-se ao meio, muito religiosa e tagarela — perdoando sempre as traições e incoerências dos demais participantes.

Festeira, e ao mesmo tempo sentindo-se isolada na casa, é brava, fiel aos compromissos, justiceira, e enfrentou grandes adversidades no seu cotidiano na Casa mais vigiada do Brasil: 43.958.821 brasileiros assistiram ao BBB 2021.

Apesar da candura, em alguns momentos de pressão deixa transparecer a mulher criada “à luz crua dos dias sertanejos daqueles cerros, aspérrimos rebrilhantes, estonteadoramente —  ofuscante, num irradiar ardentíssimo…”, como diria Euclides da Cunha em Os Sertões.

Bela como a flor do mandacaru  — Símbolo de resistência no Nordeste brasileiro, o mandacaru e sua belíssima flor  serviram de inspiração para 5(cinco) poetas que cantaram e se encantaram com a força e a riqueza dessa planta da nossa caatinga — Juliette ganhou corações em todo o Brasil, mas ficará sem sua festa temática que, com certeza, teria como pano de fundo o sertão da sua querida Paraíba.

E assim , perderam a oportunidade — de sentirem mais perto o povo nordestino e suas tradições —  todos aqueles que acompanharam, dia a dia, em pouco mais de três meses,  tudo que aconteceu com Juliette: uma  típica mulher nordestina, batalhadora e que vai à luta pelo seus sonhos. Menina de fibra, verdadeira e que merece nossos aplausos.

ACADEMIAS, ARE-Academia Ribeirão-pretana de Educação, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, ARTIGOS, LITERATURA