“…não importa qual seja o poder de Deus, o primeiro aspecto de Deus jamais é o do Senhor absoluto, do Todo-Poderoso. É o do Deus que se coloca no nosso nível humano e se limita”.
Jacques Ellul – Anarchy and Christianity
Para qualquer cristão é encantadora a ideia de poder, num certo dia, durante algumas horas, conseguir um encontro numa cabana com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mesmo que o Pai seja uma mulher negra — Elousia – Deus criador que é verdadeiramente real e a base de todo o ser — o Filho, um carpinteiro, e o Espírito Santo, uma estranha asiática — Sarayu – o vento.
Mackenzie Allen Phillips , o Mack, consegue ver-se livre de sua “Grande Tristeza” — pousada nos ombros dele como uma capa invisível, mas quase palpável, uma presença que embotava seus olhos e curvava seus ombros — depois de um desses encontros.
“Às vezes ele podia sentir a “Grande Tristeza” apertando-se lentamente ao redor do peito e do coração, como anéis esmagadores de uma jiboia, espremendo líquido dos seus olhos até ele achar que não existia mais nenhuma gota” : quem,algum dia, nunca sentiu esse tipo de dor ?
Mas Mack , durante dois dias, pôde sentar-se à mesa com a Santíssima Trindade, alimentar-se junto Dela; deitar-se para ver as estrelas, à beira de um lago, ao lado de Jesus; e passear de barco levando como passageiro o Espírito Santo, sempre aprendendo algo sobre sua vida e sobre o universo espiritual e material.
William Douglas, Juiz Federal, professor universitário e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil, resume bem : “A Cabana consegue falar de alguns dos maiores mistérios sobre Deus: como o amor incondicional do Pai caminha entre a proteção aos filhos e o respeito a seu livre-arbítrio. Explicar essa mágica não é fácil, mas o livro faz isso de maneira marcante e, ao mesmo tempo, sublime”.
Jim Palmer acrescenta: “A beleza de A Cabana não está em oferecer respostas fáceis para perguntas difíceis, mas em convidar o leitor a se aproximar de um Deus de misericórdia e amor, no qual encontramos esperança e conforto”.
No meu caso, a leitura de A cabana representou uma maneira de pensar o Sagrado de forma mais humana e terrena, permitindo-me sentir ao meu lado o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não como seres distantes, habitantes de um Céu impalpável, e que se apresentam quando solicitados por meio de orações e súplicas, mas amigos com os quais dialogo a qualquer momento do dia ou da noite, e nos quais confio plenamente, numa relação sem expectativas de ambas as partes.
Um momento marcante e inesquecível do livro é quando o autor, Willian P. Young, coloca Mack e a Santíssima Trindade ao redor de uma mesa, e segue-se o diálogo:
O Papai (Deus) diz para Mack ,: “ Querido, eu nunca tive expectativas com relação a você nem a ninguém. A ideia por trás disso exige que alguém não saiba o futuro ou o resultado e esteja tentando controlar o comportamento do outro para chegar ao resultado desejado. Os humanos tentam esse controle principalmente por meio de expectativas. Eu o conheço e sei tudo sobre você. Por que teria uma expectativa diferente daquilo que já sei ? Seria idiotice. E, além disso, como não a tenho, vocês nunca me desapontam” .
Jesus então completa: “Mack, não quero ser o primeiro numa lista de valores. Quero estar no centro de tudo. Quando vivo em você, podemos viver juntos tudo que acontece com você. Em vez de uma pirâmide, quero ser como o centro de um móbile,onde tudo em sua vida — seus amigos, sua família, seu trabalho, os pensamentos, as atividades — esteja ligado a mim, mas se movimente ao vento, para dentro e para fora, para trás e para a frente, numa incrível dança do ser”.
E o Espírito Santo concluiu: “eu sou o vento”.
Minha alma está dividida entre o antes e o depois do dia em que Mack Allen recebeu um estranho bilhete, assinado por Deus, convidando-o para um encontro na cabana abandonada.
A Cabana transformou, de alguma maneira , minhas relações com Deus, e sinto que poderá transformar a minha vida porque, doravante, sempre que de manhã e à noite , eu me postar diante do altar de meu Sanctum, vou me sentir à mesa com Ele, numa cabana.
Não existem mais motivos para “Grandes tristezas”.
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA:
Tórtoro,
Realmente, é um sonho para algumas pessoas, em algum momento ter a oportunidade de encontrar o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mesmo que fosse por algumas horas em uma cabana e ou algum lugar qualquer.
Contudo, nós nos esquecemos que todos somos filho do mesmo Pai e que todos os dias estamos no encontrando o dia todo. Pena que não tomamos conhecimento disso e ignoramos esses encontros, às vezes o transformamos em momentos de guerra ao invés de momentos de paz.
Parabéns pelo texto e o grande abraço amigo do
Antonio Ruffino Netto – Escritor da Academia Ribeirãopretana de Letras