LI E GOSTEI : ADEUS CHINA – O ÚLTIMO BAILARINO DE MAO

Um livro que me fez rir e chorar e que recomendo a todos aqueles que ainda  conseguem sentir alguma simpatia por regimes autoritários.
Um livro  que é um grito em defesa da liberdade.
Um livro para estudiosos e estudantes que queiram conhecer , por dentro, a China de Mao.
Uma história , de Li Cinxin , que é uma narrativa que poderia ter desaparecido, como as vidas de outros milhões de camponeses, em meio à revolução e ao caos.
É uma história de coragem, de amor de mãe e do anseio por liberdade de um jovem: o relato belo e precioso de uma vida inspiradora, contada com honestidade.

 

Marcela Benvegnu diz o seguinte sobre o livro:
À primeira vista, “Adeus, China — O Último Bailarino de Mao” (Editora Fundamento), de Li Cunxin, parece ser um livro cuja temática principal é a dança, e que tem como objetivo contar a saga do autor, um garoto que sai da pequena Qingdao, na China, para conquistar o mundo. Mas a verdade é que o texto vai muito além desta pequena — e bem pequena — impressão.
A publicação é um exemplo concreto de determinação, esforço, superação, dor e conquista, que é capaz de emocionar em suas poucas 400 páginas. Sim, porque quando se fecha a contracapa, se quer saber mais. Talvez esteja aí o brilhantismo da poética de Cunxin, que escreve de dentro da dança e consegue tocar qualquer leitor.

A narrativa tem ritmo próprio, bem mais veloz que uma série de piruetas — o ponto forte de Cunxin — e é toda permeada por lendas que costumam ser contadas pelos chineses. A principal delas, que inclusive permeia o livro e a vida do bailarino, é O Sapo no Poço. O texto conta a história de um sapinho que vivia em um poço fundo. Certa vez, outro sapo que vivia do lado de fora o convidou para brincar. O sapinho não pôde aceitar porque não conseguia sair dali, e sabia que seu pai já tinha tentado pular para fora do poço a vida toda. O resultado? O sapinho passou a vida inteira preso, tendo o mundo de fora apenas como um sonho.

Cunxin comprova que a lenda não é verdadeira. O menino, que aprendeu a idolatrar Mao, passou fome, dividiu o kang (cama) com mais seis irmãos e só tinha roupas remendadas, não só saiu de sua realidade. Ele a transformou e se revelou um dos maiores nomes da dança mundial. Cunxin poderia ter escolhido qualquer profissão, mas a dança o escolheu. Ele optou por sair do poço.
Na publicação, o encontro com a realidade da China torna-se inevitável. A fome, os pés enfaixados das mulheres, o casamento combinado, os filhos, as comunas. A triste e dura vida de um povo, que ainda sofre com a Revolução Cultural que um dia tanto amou, é retratada em detalhes.

O livro  traz algumas fotos de Cunxin depois que ele se torna o ‘queridinho’ do Ocidente, o primeiro bailarino do Ballet de Houston, e o amigo de grandes estrelas do cinema mundial. Na capa é possível vê-lo pequeno, aos 11 anos, quando foi um dos escolhidos para entrar na Academia de Dança de Pequim. É gratificante poder dançar com suas palavras. “Adeus, China — O Último Bailarino de Mao” é um livro para qualquer um reescrever sua própria história.

 

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