JOÃO ROSSATO VIROU RELÂMPAGO

“- Lá eu vou, minha russa do Tororó…”

Vadinho em Dona flor e seus dois maridos

Vadinho, o primeiro marido de Dona Flor, personagem de Jorge Amado,  morreu num domingo de Carnaval, pela manhã, quando, fantasiado de baiana, sambava num bloco, na maior animação, no Largo Dois de Julho, não longe de sua casa. Não pertencia ao bloco, acabara de nele misturar-se, em companhia de mais quatro amigos, todos com traje de baiana, e vinha de um bar no Cabeça, onde o uísque correra farto à custa de um certo Moyses Alves, fazendeiro de cacau, rico e perdulário.
João Rossato também morreu num domingo de Carnaval, longe de casa, mas num leito da Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto, para onde foi levado não pelo uísque, mas pelos pulmões tomados pela nicotina. Não sambava num bloco, apesar do dia e de gostar de Carnaval, mas estava cercado de amigos, física e espiritualmente.
Mas fotógrafo não morre, vira relâmpago.
Numa simbiose, por conta dos Deuses da Fotografia,  João virou flash de uma cósmica máquina fotográfica: Fiat lux.
Doravante, nas noites de tempestades, os raios não serão os mesmos: o fotógrafo João Rossato estará orientando São Pedro e suas hostes celestiais para que a iluminação seja impecável.
Os querubins vão gostar do João, o João moleque, de sorriso travesso, tirando fotos do que há de mais secreto sob as asas dos arcanjos, como fazia com a musas nos desfiles de Carnaval.
Por outro lado, o Lúcifer  ficará de prontidão com a chegada do bombeiro João: o fogo do inferno que se cuide.
O mundo poderá não acabar, de acordo com as previsões do calendário Maia, mas, a partir de hoje, vinte de fevereiro de dois mil e doze, é o fim do mundo fantástico visto sob as lentes mágicas do João.
No céu, de imediato,  só não haverá ensaio fotográfico porque Elza, a diretora de fotografia, não estará com ele para organizar, nos mínimos detalhes, o espaço adequado.
E, quando o firmamento for de brigadeiro, abra um sorriso, faça uma pose e olhe para o alto, porque Rossato estará fazendo algumas de suas fotos aéreas ao lado de  Exupéry e seu Pequeno Príncipe.
PC Falseti e Toni Miyasaka deverão apresentá-lo a Bresson, depois da recepção montada às portas do Paraíso,  no mundo astral, pelos ribeirãopretanos, escritores com a luz.
Partiu, enfim,  nosso querido mestre da fotografia, João Rossato, possivelmente querendo gritar: Lá vou eu, Elza, minha loira e querida companheira.

 

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