Depois de pouco mais de duas horas de viagem, muita chuva e raios pelo caminho, e no entardecer de uma sexta-feira de março, estávamos nós, do Grupo Amigos da Fotografia, mergulhando no vale do rio Piracicaba.
Foi inevitável a lembrança da composição de Sérgio Reis: “O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora / quando chegar a água dos olhos de alguém que chora.
E dez vozes — Elza Rossato, Lu Degobbi ,Sonia Franco , Dennis Esteves , Carol Silvestres , Guilherme Bordini , Con Vieira , AC Tórtoro, Vinicius Gabarite e Cleide Gabarite — se juntaram em desafinada e desordenada cantoria, sem tirar a atenção do Amendoim, motorista da Van, da Secretaria Municipal da Cultura, cedida pelo Dr Corauci Sobrinho para que representássemos a fotografia ribeirãopretana no lançamento oficial do Foto Clube Piracicaba, atendendo ao convite do seu presidente , Carlos Mendes.
Fomos recepcionados, no início da noite , no SESC – Serviço Social do Comércio, na rua Ipiranga, depois de cruzarmos o rio Piracicaba, cantado nos versos de Jahyra Boucault Arruda em “Alma de um povo “ : Águas do Rio Piracicaba ! / Caprichando nados / Mandís , corumbatás / Piracanjuvas / Cascudos e dourados / Travessos lambaris / E colossais pintados / Tantos peixes mais / Piracicaba – onde o peixe pára — o nome da cidade é de origem tupi-guarani e seu significado é “lugar onde o peixe pára” , numa referência às grandiosas quedas do rio que corta a cidade, bloqueando a piracema.
É impossível — ao percorrer algumas ruas da antiga Vila Nova da Constituição, elevada à categoria de cidade em abril de 1856 — deixar de se perceber a beleza e a história silenciosa contida nos antigos edifícios dessa região onde habitavam os índios Paiaguás, e que era ponto de apoio às embarcações que desciam o rio Tietê e daria retaguarda ao abastecimento do forte de Iguatemi, fronteiriço ao território do Paraguai.
E mais impossível ainda é não sentir o carinho e a calorosa acolhida do povo piracicabano, em especial, a dos fotógrafos do novo foto clube que, a partir de agora, se propõe a tornar realidade um sonho nascido na década de noventa, como afirmou seu presidente na chegada do nosso grupo.
Depois de apresentação em data-show, homenagem ao fotógrafo Manuel Lopes Alarcón, salgadinhos, cerveja, refrigerantes e muitos cliques, deixamos a acolhedora sede do SESC, — sem a proteção do “véu da noiva”, manto de neblina que caracteriza a região nas épocas mais frias, cantado em versos por Brasilio Machado, da Academia Brasileira de Letras, em seu poema “Piracicaba” — rumo a Ribeirão Preto, já quase na madrugada de sábado.
Na volta, o burburinho da festa que reuniu fotógrafos de Piracicaba e região e seus convidados, — Foto Clubes de Ribeirão Preto (GAF) , São Paulo ( Luminous e Confederação Brasileira de Fotografia – Ourivaldo Barbosa do Valle ) e Sorocaba (Grupo Imagem – Edeson Sousa) — e a agitação dos bares da Rua do Porto, foram ficando para trás, deixando em seu lugar uma sensação agradável que somente o encontro fraternal entre amigos dessa arte pode proporcionar.