ANCHIETA : UMA ESCOLA EM EBULIÇÃO

“Justamente com a educação; é possível levar adiante maciços programas de participação juvenil nos empreendimentos sociais,
programas de voluntariado, programas de desenvolvimento solidário, projetos que levem os jovens a sair de seu microclima, de sua família, de seu bairro, de sua realidade, de sua classe social, para compartilhar com os outros”.

Eduardo Amadeo

Só alguém que já entrou em uma escola durante as férias sabe o que é a frieza do cimento, o vazio dos pátios, a indiferença das paredes, das portas e janelas fechadas, do silêncio.
O oposto é a escola na semana que antecede uma gincana cultural, cívica, esportiva e beneficente.
Nos intervalos entre as aulas o ruído é diferente, é maior, é contagiante.
Os assuntos que envolvem a maioria das conversas e discussões são os sugeridos pelo regulamento de cada gincana anual.
Em dois mil e treze, no Colégio Anchieta, a busca foi por carros antigos, da Ford  — porque Henri Ford completaria duzentos anos em julho, se fosse aos humanos permitido viver tanto —  e por obtenção de uma carta (parabenizando o Colégio Anchieta pelos seus 34 anos de vida) , de um dos cardeais que elegeram o novo Papa, Francisco I.
Por outro lado, as quatro equipes, identificadas por personagens que marcam e marcarão as efemérides em 2013, e pelas cores da Bandeira Nacional, buscavam localizar, e trazer para a quadra do Colégio, Veneráveis Mestres de Lojas Maçônicas e seus Demolays, a fim de que homenageassem José Bonifácio no ano em que comemoraremos, em junho, seus 150 anos de nascimento.
No pátio e no teatro do Colégio, podia-se ouvir durante a semana os jovens ensaiando para cantar Luar do Sertão,  do poeta Catulo da Paixão Cearense ( 150 anos de nascimento em outubro)  e Garota de Ipanema, do imortal Vinícius de Moraes   ( 100 anos de nascimento em outubro).
No dia da apresentação, Mônica e Cebolinha desfilaram ansiosos pela quadra e pelos espaços defendendo a equipe amarela e fazendo com que toda a comunidade voltasse aos bons tempos de infância.
Índios loiros, de olhos azuis, colonizadores e jesuítas (femininos e masculinos) ,  dividiam espaço no amplo pátio do Colégio, preparando-se para, usando somente a mímica, contar aos presentes ( centenas de alunos, pais, professores e funcionários e convidados)  um fato ocorrido nos primórdios da descoberta do Brasil, quando foi assinado, na presença dos Padres Nóbrega e Anchieta,  o primeiro tratado de paz ( de Iperoig) celebrado entre índios e colonizadores brancos nas Américas.
Com O Ateneu nas mãos , Doutores Aristarco e alunos Sérgio , da obra de Raul Pompéia ( 150 anos do nascimento do autor) , abriam espaços entre grupos de alunos carregando pacotes de arroz e feijão, embalagens de leite longa vida e fraldões que seriam entregues a instituições ao final da beneficente maratona.
No teatro, dezenas de pessoas davam/doavam, literalmente,  o sangue, sob os cuidados de profissionais do hemocentro, enquanto jovens atletas, no campo de futebol, se preparavam para provas de triathlon, basquete e futebol.
Mas desse momento mágico, infelizmente,  não participaram  alguns poucos alunos que perderam a oportunidade de adquirirem novos conhecimentos, serem solidários com os menos favorecidos, praticarem esportes, viverem momentos culturais inesquecíveis: perderam uma oportunidade de serem cidadãos que fazem a diferença em sua comunidade.
Findo o evento, para aqueles que participaram ficou a sensação de dever cumprido, de plantio de profícuas sementes. Ficaram nos ouvidos os sons alegres de uma juventude sadia e responsável, ficou na memória de cada aluno a energia resultante do congraçamento entre alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, e da confraternização entre todos os componentes da comunidade escolar.

 

Na foto, momentos de cada uma das quatro equipes: branca, azul, verde e amarela.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

 

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