PAIS AUSENTES: LOBOS MAUS COMENDO AS VOVÓZINHAS

LOBO-MAU A cada dia que passa famílias desestruturadas vivem em torno de seus patriarcas e matriarcas e vivem dependentes não somente no aspecto emocional, mas também financeiro.
E é na relação desses avós com a escola que a situação fica mais complicada.
Avós, apesar de alguns dizerem que são pais duas vezes, na realidade não podem, e nem deveriam, assumir as funções paternas junto à escola.
Antes os avós cuidavam dos netos, na maioria das vezes, de maneira esporádica e casual. Atualmente e com certa frequência, entramos em contato com histórias de avós que ajudam os filhos a cuidar das crianças, ou ainda histórias de avós que se tornam cuidadores integrais e até legais dos netos, ocupando mesmo um papel de pais substitutos.
Assim, essa situação – ser mãe/pai de crianças e/ou adolescentes novamente – muitas vezes inesperada nesse momento de suas vidas, impacta sobre a saúde física e emocional desses avós, afetando sua qualidade de vida: são vovozinhas(os) sendo devoradas(os) pelos lobos vorazes na luta pela sobrevivência nesses novos e difíceis tempos.
Afirmam os especialistas no assunto que na cabeça de uma criança, o relacionamento em que se misturam as funções de pais e avós pode desencadear uma confusão muito grande com conseqüências marcantes para toda sua vida.As novas famílias, os novos padrões, os novos modelos familiares são reais e complexos, e quanto mais complexos, mais surgem dificuldades por parte das crianças no que diz respeito à divisão mental dos papeis familiares isso interfere diretamente na aprendizagem, na aquisição de novos valores. O fato é que quanto mais simples as relações, as divisões de tarefas, de responsabilidades parentais, mais probabilidade de saúde emocional, psíquica, equilíbrio da autonomia pessoal.Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-ausencia-dos-pais-na-vida-escolar-das-criancas-de-ensino-fundamental.
O crescente índice de pais ausentes na vida escolar de seus filhos tem gerado sérios problemas que somente serão amenizados através de uma conscientização progressiva, de um amor comprometido com a família e respectivamente com a educação dos filhos. É bem visto que em certos casos pode ser caracterizado por um ciclo habitual, um modelo ímpar na criação desses pais. Não podemos deixar de abordar as consequências na vida das crianças que passam por tal dificuldade e como isso afeta na aprendizagem, a atenção, o emocional, o psíquico e a interação com o meio. Precisamos perceber a necessidade de recorrer a todas as possibilidades possíveis no intuito de resgatar a autonomia nos limites, a alegria de estar presente na vida dos filhos, não somente na vida escolar.
Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-ausencia-dos-pais-na-vida-escolar-das-criancas-de-ensino-fundamental.
Segundo Glass Jr; Huneycutt (2002), as mudanças decorrentes de assumir a função parental na idade avançada são mais dramáticas que em outro momento da vida. Por exemplo, os idosos já não têm a mesma energia para cuidar de crianças, sendo usualmente mais vitimados por fragilidades físicas e de sua saúde. Há idosos que se ocupam do cuidado das crianças e de idosos fragilizados, sendo alvo de uma sobrecarga de tarefas e responsabilidades. Como perdas mais relevantes decorrentes da situação, os autores citam as relacionadas aos objetivos e planos futuros dos idosos, que envolviam a vida social culturalmente esperada para a velhice, atividades de lazer e independência advinda da saída dos filhos de casa. Além desses fatores, baixa saúde percebida e queda no status financeiro também são perdas consideráveis. A vida social é alterada e há um sentimento de estar deslocado, pois os idosos não têm tempo para interagir com os amigos de sua idade e os pais dos colegas de seus netos lhes parecem diferentes e distantes. Muitos se envergonham e têm sua auto-estima afetada porque seus filhos não foram capazes de cuidar de seus netos, o que pode ainda causar ressentimentos para com os filhos. Os autores relatam ainda uma pesquisa apresentada em 1994 por Shore & Hayslip, na qual investigaram a condição psicológica de avós cuidadores. Dentre os quatro critérios avaliados, a responsabilidade parental trouxe queda em três deles: satisfação em serem avós, percepção positiva da relação neto-avô e, sobretudo, bem-estar psicológico. Apenas o significado pessoal do papel de ser avô não foi afetado.Para Kropf & Burnette (2003) os avós que cuidam dos netos estão mais sujeitos a apresentar problemas funcionais e de saúde, possuem mais chances de apresentar sintomas depressivos e têm dificuldades para manter contato com a rede social de amigos.
Pela complexidade das situações criadas, penso que, compreender essa nova configuração familiar, em que muitos idosos estão inseridos, é tarefa para os profissionais preocupados com o bem-estar dos envolvidos nessa relação.
Mas em minhas atividades educacionais posso garantir que a presença materna/paterna faz falta, muita falta: cada criança “sem os pais” é um Chapeuzinho Vermelho perdido na floresta da vida.
E detalhe: na escola dos(as) netos(as) não existem caçadores para libertarem as vovós.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
WWW.tortoro.com.br

COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA:

Caro Tórtoro

Gostei demais do artigo. Acho perfeitamente pertinente a preocupação. Até porque inaugurei minha vida de avô no dia 25 de setembro e já acumulo preocupações imensas com a chegada do neto, que fará um ano proximamente. Inevitável. Mas o quadro que você questiona é digno de uma bela reflexão. Parabéns,

Waldomiro

Meu Irmão, excelente artigo. Sempre me causou estranheza, avós terem o trabalho de criar netos, devido ao fracasso dos pais. É doloroso, absurdo mesmo. Conheço casos trágicos, como a de uma pobre avó que, com a incapacidade das três filhas, de assumirem os filhos, deixaram as crianças para a pobre avó, que era professora e amava dar aulas. Ela teve que parar de trabalhar para tomar conta dos netos e netas. O resultado foi funesto: ela acabou morrendo enfartada, de tanta responsabilidade. Os pais deveriam ser mais precavidos, ter famílias menores e assumirem seus filhos e não encostá-los nos pobres avós. Mesmo hoje, conheço alguns casos que demonstram que o péssimo costume continua. Notável, porque você enfocou o tema também do ponto de vista de um educador. A única coisa boa da velhice é ter paz e sossego para a colheita da difícil e longa semeadura.
Abraço.

Ely Vieitez Lisboa

Caro, professor,

parabéns pelo magnífico artigo.
Vou levá-lo para a sala de aula, pois é muito importante que seja divulgado.
Abraço.

Maria do Carmo Belizário Rodrigues

ARE-Academia Ribeirão-pretana de Educação, ARTIGOS, EDUCAÇÃO