MINI CALVÁRIO E A IMITAÇÃO DE CRISTO
“Considera o que diz o livro e não leves em conta quem o escreveu”.
Livro primeiro – Capítulo 5
Recentemente recebi de um amigo/irmão, o escritor Waldomiro Peixoto — excelente crítico literário — um exemplar de Imitação de Cristo, com tradução revista por Paulo Matos Peixoto, Editora PAUMAPE Limitada: um presentão.
A Imitação de Cristo —informa o tradutor no seu prefácio — fora a Bíblia, de imediata inspiração divina, é o maior, mais difundido, mais benéfico, mais admirável, mais amado, mais popular, mais balsâmico de todos os livros que, em todos os tempos, vieram à luz neste mundo.
Realmente Imitação é um tesouro para ser usado como livro de cabeceira — escrito em capítulos, como fichas, cada uma delas com começo, meio de fim —, centrado na figura do Cristo, e com sugestões que facilmente podem ser colocadas em prática no dia a dia (evitando-se efeitos colaterais, tendo em vista que foi escrito para monges) se o leitor adaptá-lo à nossa realidade mundana.
A linguagem é requintada, e a obra é dividida em 4 sessões ou livros: dois livros em forma de exortação, um em forma de diálogo entre Cristo e a alma humana e o terceiro é sobre a Eucaristia.
Ele cai em minhas mãos num momento especial em que necessito de forças para carregar um pedacinho da santa cruz, vivendo um mini calvário juntamente com meu filho, em 15 estações, ou melhor, aplicações de quimioterapia.
E nele encontro, dentre outras, mensagens de amor, fé e esperança:
“Não há salvação da alma nem esperança da vida, senão a cruz”; “…não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior, senão o caminho da santa cruz e da continua mortificação”; “Vai para onde quiseres, procura quanto quiseres e não acharás caminho mais sublime em cima, nem mais seguro embaixo, que o caminho da santa cruz”; “…cumpre que sofras quanto tempo Deus quiser “; “A cruz, pois, está sempre preparada e em qualquer lugar te espera. Não lhe podes fugir, para onde quer que te voltes, pois em qualquer lugar a que fores, te levarás contigo e sempre encontrarás a ti mesmo. Volta-se para cima ou para baixo, volta-te para fora ou para dentro, em toda parte acharás a cruz; e é necessário que sempre tenhas paciência, se queres alcançar a paz da alma e merecer a coroa eterna”; “Se levares a cruz de boa vontade, ela te há de levar e conduzir ao termo desejado, onde acaba os sofrimentos, posto que não seja neste mundo”; “Se a levares de má vontade, aumentas-lhe o peso e fardo maior te impões; contudo é forçoso que a leves. Se rejeitares uma cruz, sem dúvida acharás outra, talvez mais pesada”; “Nem Jesus Cristo, Senhor Nosso, esteve uma hora, em toda a sua vida, sem dor e sofrimento. Toda a vida de Cristo foi cruz e martírio; e tu procuras só descanso e gozo? “; “…quanto mais a carne é crucificada pela aflição, tanto mais se fortalece o espírito pela graça interior”; “Mas se confiares em Deus, o céu te concederá a fortaleza e ajeitar-se-ão ao teu mando o mundo e a carne” ; “Nem o infernal inimigo temerás, se andares escudado na fé e armado com a cruz de Cristo”.
Portanto, como bom e fiel servo de Cristo, disponho-me a levar a cruz do meu Senhor, por meu amor ao crucificado: simples assim.
É o que tenho feito dia após dia, durante os últimos dezoito meses: bebo, generoso, o cálice do Senhor, apesar de que, em alguns momentos me deixo humanamente enfraquecer, e, como o Cristo no Monte das Oliveiras, pergunto ao Pai porque Ele me abandonou.
Entendo porém que “Cumpre-nos passar por muitas tribulações, para entrar no reino de Deus” – At. 14,21, e que escolhi, antes dessa minha estada aqui na Terra, passar por tudo que estamos passando.
Vale a pena ler e reler essa obra escrita na Idade Média mas incrivelmente atual.
Enfim, meu caro leitor, mais informações sobre essa livro de Tomás de Kempis, nascido em 1380, na Alemanha e falecido aos 91 anos de idade procure em: https://padrepauloricardo.org/episodios/ainda-vale-a-pena-ler-a-imitacao-de-cristo.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br