JOSÉ ANTONIO LAGES NA BIBLIOTECA DO CLUBE DE REGATAS -2a. vez

José Antonio Lages realizou manhã de autógrafos de seu livro, “Ribeirão Preto revisitada”, na Biblioteca do Clube de Regatas, no domingo, dia 26 de março de 2017, das 10 às 11 horas da manhã.
Sua presença foi a 109ª de uma série, que, há nove anos, o associado e colaborador, escritor Antônio Carlos Tórtoro, tem levado ao Regatas, no 3º. domingo de cada mês, com o objetivo de incentivar a leitura e apresentar aos regateiros os escritores de Ribeirão Preto e região.

José Antonio Lages é graduado em História, Filosofia e Pedagogia, mestre em História pela Universidade Estadual Paulista (campus de Franca) em 1995 e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo em 2016. É professor aposentado da Rede Municipal de Ensino de Ribeirão Preto e, atualmente, é consultor técnico legislativo na Câmara Legislativa do Distrito Federal em Brasília. Foi vereador em Ribeirão Preto entre 2001 e 2004. Publicou em 1996 Ribeirão Preto: da Figueira à Barra do Retiro: povoamento da região por entrantes mineiros na primeira metade do século XIX, originado da sua pesquisa do mestrado, referência obrigatória na reflexão do processo de povoamento do nordeste paulista, pela caracterização dos chamados entrantes mineiros, pelo contorno dado à interpretação dos documentos gerados pelas disputas judiciais entre as primeiras famílias aqui assentadas, tal como a crítica a doação de terras para a Igreja e a problematização do espírito religioso dos primeiros ribeirãopretanos. Esta obra, revista e atualizada, teve uma segunda edição em 2010, influenciando uma geração de pesquisadores a fazer o mesmo, trilhando os caminhos que ele mesmo percorreu. Vale lembrar sua participação na Coleção Nossa História, publicada em 2012, com o título Fundadores: a saga de Manoel Fernandes do Nascimento. Como militante da área do patrimônio cultural e histórico, participou dos Conselhos de Cultura e de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto.

RESUMO E COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
A ideia de escrever a RIBEIRÃO PRETO REVISITADA surgiu a partir da constatação da inexistência de uma obra sobre História de Ribeirão que pudesse ter um forte viés na pesquisa científica e, ao mesmo tempo, com uma linguagem acessível ao leitor comum interessado em se aprofundar no estudo da história da nossa cidade. Muita pesquisa foi produzida nos últimos 20 anos nas nossas universidades, destacando a UNESP de Franca, em termos de dissertações e teses, mas que permanecem inacessíveis ao grande público, sem publicação. Minha primeira iniciativa neste sentido foi por volta de 2002 quando elaboramos uma apostila sobre História de Ribeirão para ser distribuída a professores/as de escolas públicas. Depois, este material evoluiu para um cd-rom que publicamos em 2004. O texto continuou a ser ampliado e atualizado até chegar agora na RIBEIRÃO PRETO REVISITADA. Portanto, esta obra, na sua pesquisa e redação, tem 14 anos.
As maiores dificuldades foram encontradas para a sua publicação. Optamos pelo incentivo do PROAC, o programa de apoio cultural da Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo e contou com o patrocínio de sete empresas de Ribeirão e região. Mas para preencher todos os requisitos e atender as exigências do programa não foi fácil. Mas isso demonstra a seriedade do PROAC. Iniciamos as tentativas em 2002 e somente neste ano chegamos a um bom termo. Mas, por outro lado, a demora também foi útil no sentido de podermos dar continuidade à pesquisa, com uma boa atualização e revisão. Como prevaleceu uma visão de pesquisa a partir da produção de dezenas de pesquisadores, de fato encontrei farto material em termos de dissertações de mestrado e teses de doutorado, e mesmo livros, bem como artigos e encartes publicados em revistas e jornais da nossa cidade. Os três primeiros capítulos dependeram mais da minha pesquisa de mestrado que eu já havia publicado anteriormente em duas edições, uma em 1996 e outra em 2010.
A RIBEIRÃO PRETO REVISITADA será um referencial de pesquisa para quem quiser se aprofundar no passado da nossa cidade, mas, ao mesmo, tempo, contempla o público em geral. Ela informa, através de sua extensa bibliografia, outras pesquisas sobre aspectos econômicos, demográficos, sociais, políticos e culturais de Ribeirão Preto. Daí a preocupação sim com a linguagem utilizada: científica, mas acessível ao grande público. Outro aspecto que quero destacar é o formidável acervo fotográfico. A obra apresenta uma coleção de fotos inéditas do nosso passado e com uma qualidade muito boa. Destaco aqui o trabalho gráfico de qualidade da editora que a publicou, a Nova Enfim. Bem como dos nossos revisores, Rafael Cardoso, Alice Heck e Ana Marcia Zago.
A obra segue uma certa ordem cronológica, mas dá prioridade aos grandes temas da formação e desenvolvimento de Ribeirão Preto. Inicia com a formação agrária entrelaçada com a sua formação demográfica, as sociabilidades, com destaque para o comércio e para o estabelecimento de seu sítio urbano. Esquadrinha em seguida a lavoura cafeeira no início do século XX e seus desdobramentos para as questões sociais, políticas e culturais. Muitos imaginam que o trabalho escravo não existiu em Ribeirão. Ao revisitar a sua história, não foi bem assim. Ainda são muito poucas as pesquisas quanto à escravidão. Já a imigração europeia e japonesa é mais lembrada, com pesquisas interessantes que já foram feitas e neste aspecto acredito que Ribeirão apresenta aspectos diferenciados. O nosso coronelismo, estudado inicialmente por Thomas Walker na década de 1970, apresenta-se como um caso exemplar a ser estudado. A nossa formação urbana desordenada e com tantos sacrifícios para o período mais recente já se parece muito com o caso de outras grandes cidades.
Para se ter uma visão mais criteriosamente científica dos fatos, há que se guardar certo distanciamento deles, inclusive em termos de tempo cronológico. Do contrário, caímos no perigo de transformarmos a História em uma campanha panfletária e pouco séria. Daí porque não fomos tão a fundo na nossa história dos últimos 50 anos, por exemplo, em comparação com os períodos anteriores. Outros pesquisadores o farão, com maiores e melhores informações, com uma metodologia mais adequada. Isso não quer dizer que não podemos ter opinião sobre os acontecimentos. Podemos e devemos.
Também não devemos receber a RIBEIRÃO PRETO REVISITADA como uma obra de economia, de sociologia ou do campo específico da política. Não é. É uma obra que se situa no campo da História. É uma obra acabada ou que se pretende acabada? Também não. Ela se coloca em abertura para o prosseguimento da pesquisa, para o debate e para reavaliações. Tenta fugir também das séries de sucessões político-administrativas. Para isso, existem outras pesquisas e outras obras que já se aprofundaram bastante nestes aspectos. E aqui, rendo nossas homenagens aos historiadores do passado, na pessoa de Rubem Cione, onde fomos buscar muitas informações que só eles nos fornecem.

Prestigiaram o evento do Prof. Lages, na biblioteca do Regatas, além de sua esposa, Claudia: o Diretor do Regatas, Ailton Pereira, o fotógrafo Rod Tórtoro – Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto, amigos do escritor, além de leitores e associados do Clube.
Alguns leitores prestigiaram o evento na piscina do Regatas.
A bibliotecária Laís recebeu exemplar do livro, , “Ribeirão Preto revisitada”, das mãos de Lages, que veio enriquecer o acervo de mais de dois mil títulos.

A Diretoria do Regatas, como de costume, serviu o tradicional café da manhã aos presentes.

Fotos de Lu Degobbi – Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto.

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