ROD ENTRE ROSAS BRANCAS

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”.

Após uma semana da passagem do meu querido filho — Rodrigo Degobbi Tórtoro, nosso Príncipe Rod — para uma outra dimensão, tenho exercitado uma prática que me é muito agradável: imaginá-lo vestido de branco, coberto por azulada energia divina, num jardim de rosas brancas, caminhando ao lado de outros seres de luz.
Penso assim, porque creio que existe uma Colônia de Flores sobre a nossa cidade de Ribeirão Preto, situada acima do céu, onde busco, desde o dia dezesseis de agosto, uma estrela cintilante chamada Rod.
Dizem ser uma das maiores Colônias Espirituais, dentre as vinte e duas que cobrem o Brasil.
Segundo o livro “Moradas Espirituais – Visita a Vinte Colônias Espirituais, sob orientação de Joaninha Darque – médium Vânia Arantes Damo, essa imensa colônia inicia-se na parte central de Santa Catarina, nas proximidades de Tangará, seguindo, sem interrupção, até o norte de Goiás.
Essa Colônia tem belezas naturais e cultivadas — tudo que meu Rod sempre amou enquanto caminhávamos nossa feliz jornada de 36 anos. As flores estão presentes em todos os cenários, desde as campestres até a jardinagem, onde se encontram as mais variadas espécies, transformando a Colônia no “Paraíso das Flores”. As edificações, seja, elas hospitais, escolas, laboratórios e residências, são sempre cercadas de esplêndidos jardins, muito bem cuidados, sem falar dos parques e praças, onde a beleza se torna difícil de descrever.
Ao adentrar a periferia da Colônia, o espírito já está amparado pelas suas equipes de assistência, as quais vão auxiliá-lo no período inicial. Seria o Pronto-Socorro da Colônia, e é natural que ali haja os que socorrem e os que são socorridos. Essa colônia socorre a todos que são levados até lá, mas especializou-se no socorro aos que desencarnaram vítimas do câncer — como meu filho Rod: nesse momento, já com seu braço direito recomposto — e que quase sempre conservam a impressão da doença no períspirito.
Como é uma Colônia quilométrica, apresenta vários núcleos de tratamento específico — talvez um deles seja denominado Aurora — comumente chamados de “Colônia das Rosas”, em virtude da grande quantidade de rosas brancas, que servem tanto para a meditação da Colônia, quanto para as equipes fraternas que assistem, em nome da Colônia, os cancerosos encarnados.
Mas é muito superficial esta primeira impressão.
Há um suave perfume no ar e uma sensação de paz e harmonia, à medida que se adentra a Colônia.
Há, na parte central, as mais lindas flores, que jamais vi iguais. Tonalidades que são variadas e que podem reter a luz do sol. À noite, são essas flores que iluminam a Colônia num jogo de luz e cores indescritíveis, formando caminhos nas largas avenidas da Colônia, como se fossem estrelas de encantadora luminosidade.
Nos recintos fechados — hospitais, escolas, residências — a iluminação noturna é obtida por arranjos de flores em vasos — como se fossem lâmpadas.
Nesse espaço fantástico, acredito que Rod não mais esteja preocupado com o São Paulo F.C, com a caçada de Pokémons, com lambaris e curimbatás do Rio Pardo, com a sauna do Regatas, com as aulas de Informática no Anchieta, com os jogos no computador, com o inseparável celular, com seu carro novo, o Cronos da Fiat, que ajudou a comprar, com a Praia Grande, com as suas calopsitas, seus peixes de aquário, seu canarinho, suas correntes e pulseiras de prata, seu quarto com paredes cobertas por fotos do time do São Paulo, seu cantinho no sofá da sala.
Espero que por lá encontre aqueles se foram antes dele, e que o amaram e foram amados por ele: Vô Claudinho, Elizete, Zequinha, o pescador Mesquita, João Rossato, cães Mustache e Beethoven, os cavalos S10 e Relógio, o gatinho Xinim, hamsters.
Espero que por lá existam cavalos para longos passeios, uma D90 para tirar fotos, bastante churros, Fanta laranja, ketchup, mostarda, dois Yakults de manhã, salgadinhos, batatinhas fritas.
Espero que ainda se lembre de nós, Lu e eu, de seus amigos e familiares, de seus aluninhos de informática, de seus colegas do Anchieta, e de nossa caminhada… tendo em vista que a felicidade sempre está na jornada e não no destino.
Espero que nos reencontremos um dia…apesar de saber que “aqui no coração eu sei que vou morrer um pouco a cada dia, e sem que se perceba a gente se encontra pra uma outra folia”…

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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