“TRIÁLOGO” ENTRE ARTES: POESIA, FOTOGRAFIA E MÚSICA NA EXPOSIÇÃO SOMBRAS E REFLEXOS EM VENEZA.

Local: Cult Arte e Eventos.
Rua Paschoal Bardaró, 1206 – Jardim Botânico
DIA 17 DE ABRIL DE 2019
DAS 20 ÀS 22 HORAS.

A Exposição Sombra e reflexos em Veneza é um trabalho que apresenta a parceria foto/poema/música, acoplamento artístico dos textos do eminente poeta Antônio Carlos Tórtoro com a imagem produzida pelo grandioso fotógrafo Marco Pires, e ao som ambiente do Rondó Veneziano.

A precisão vocabular e a aguçada sensibilidade que caracterizam a poética de Antônio Carlos Tórtoro revelam-se na magia de seus textos, junto às fotos de Marco Pires. De um lado, a marcação rítmica de seus versos; de outro, a universalidade e a atemporalidade de seus poemas.
Essa afirmação é facilmente comprovada quando o leitor depara com os poemas que compõem as obras Ecos, Edelweiss, Estrelas no mar ou com as inscrições poéticas que Antônio Carlos Tórtoro acrescenta às fotos dos três volumes de O passado manda lembrança e de Piacevolezza. Essas duas últimas obras, com muita destreza, eternizam o que uma cidade sem memória pretende, ingenuamente, apagar, ainda que em nome do progresso e da modernidade.
Reúnem-se, na pessoa de Tórtoro, o educador, o matemático, o cidadão, o apaixonado por família e por sua família, o perfeccionista, o filantropo, o crítico literário, o cronista, o fotógrafo e o poeta. Quem lhe conhece a arte fotográfica e como ela surgiu em sua vida – e eu tenho esse privilégio – tem razões demais para acreditar em Deus, no meu, no dos outros, ou, ainda, na força que move o nosso olhar para a consciência da vida, para a análise das atitudes humanas e para a abertura de novos caminhos, quando os conhecidos se fecham ou se enchem de pedras ou de espinhos, como lembra Padre Vieira, em seu Sermão da Sexagésima.

Ao som do Rondó Veneziano, o trovador canta; diante dos ícones fotográficos que desnudam Veneza, Antônio Carlos escreve. O resultado? Um exercício de sensibilidade que aguça a fruição estética do leitor. Mesmo sem viajar realmente, ele embarca, idealmente, nas gôndolas de Veneza. E ainda leva, em sua bagagem, todos os subsídios para experimentar a beleza e a harmonia de uma elegante parceria artística.

“Cantarei em versos
os canais de Veneza,
navegando em minha gôndola
de sombras e reflexos.”

A gôndola de Antônio Carlos Tórtoro são seus poemas, somatório arquitetônico dos versos que são um convite especial aos leitores para que possam desvendar mensagens, espaços e tempos, sempre simétricos, porém em nada simultâneos.
A sonoridade das palavras, junto ao som do Rondó e o murmúrio das fotos, reproduzem o murmúrio das águas que as gôndolas singram, num movimento mimético da trajetória humana.

“Navegarei por canais
de muitas marés e histórias,
ouvindo o som das correntes
que, para sempre,
prendem na memória
páginas prateadas de sonhos
sob arcos de que emanam luzes.”

Em meio a figuras semânticas que dão um especial colorido aos poemas, destaco a presença mística da sinestesia, um recurso artístico que compõe o cenário poeticamente histórico de Veneza, cidade digna de ser brindada pela comunhão autor/leitor.

“Sentirei os cheiros todos
mistura de maresia
com aroma de pizza bianca,
mesclado ao de óleo diesel
dos táxis aquáticos,
sob o olhar multicolorido
de fachadas e beirais seculares.”

E ainda mais:

“Deixar-me-ei envolver,
por estruturas antigas
que enfeitam margens.
E absorverei extasiado
o aroma adocicado
de um seppie al Nero
enquanto o gondoleiro
aguardará por novo contato.”

O poeta, ser iluminado, joga luz no pensamento de quem frui sua arte, e o mundo, assim revisitado, torna-se bem mais amplo. É assim que a poética de Antônio Carlos Tórtoro, e as imagens de Marco Pires, expõem cada detalhe da paisagem.

“Penetrarei os canais
junto a milhões de visitantes
admirando a gótica arquitetura veneziana
em sua elegância discreta.
Sentirei vontade de saudar,
com taça de cristal,
a bandeira exposta na janela,
ao fundo.”

Ansel Adams, fotógrafo mundialmente conhecido, afirmou: “Não fazemos uma foto apenas com uma câmara; ao ato de fotografar, trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, as músicas que ouvimos, as pessoas que amamos.”

“Pela fresta de minha janela,
— uma fotografia digitalizada –
entrarei juntamente com a luz
de um dia ensolarado de Veneza,
sem pedir licença.”

As palavras que compõem os versos justificam a ampliação do enfoque artístico que a fotografia empresta à paisagem. Assim, a comunhão foto/poema ultrapassa a simples captação do espaço realizada por um simples olhar cotidiano e fugaz.
Qualquer espaço, físico ou metafísico, pode ser a gênese constante do lirismo poético e da documentação da imagem pela arte do fotógrafo. Ambos compõem a metáfora do encontro perfeito entre o sentimento e sua expressão.
Sem dúvida, Veneza retratada pela imagem e codificada pelas palavras torna-se um espaço maior de amor: o do fotógrafo, o do poeta, o do leitor.
Com as fotos de Marco Pires e os poemas de Antônio Carlos Tórtoro, amplia-se o leitmotiv no somatório Veneza fotografada e Veneza poetizada, atinge-se o enriquecimento espiritual por meio da fruição da arte, e o leitor vivencia o espaço veneziano, ainda que até hoje não o tenha pisado.
Sem tradicional bagagem, com sombras e reflexos, viajemos a Veneza!

PROFA. DRA. VERA LÚCIA HANNA

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