LI E GOSTEI : O SEGREDO DA GALILEIA

EM BUSCA DA PAZ : DA ERA ROMANA AOS TEMPOS ATUAIS

Nada mais apropriado do que um Pastor , Evan Drake Howard, que estudou Teologia no Gordon-Conwell Theological Seminary,  para nos levar para uma viagem no tempo, em constantes idas e vindas, da Jerusalém de cristãos e zelotes, dominada pelos romanos ( com Judite, Gabriel, Dimas, Gestas, Barrabás, Judas Iscariotes, Maria Madalena, José de Arimateia, Nicodemos,  a Virgem Maria e o próprio Jesus Cristo )  até a dos tempos atuais ( com Karim, Raquel, Ezra, Irmão Gregory ).
O livro busca descobrir o que aconteceria se uma carta escrita por Jesus para Maria Madalena fosse descoberta nos dias atuais?
E para atingir seus objetivos, conta uma história: Por quase 2 mil anos, uma gruta no Oriente Médio abrigou um jarro que guardava um rolo de papiro. Mas agora esse importante documento, que traz uma mensagem capaz de mudar o mundo, está nas mãos do palestino Karim Musalaha, filho de um líder terrorista. Karim precisa decidir se divulga ou não a carta. Contudo ele não esperava conhecer Rachel, uma linda médica israelense, tendo então que decidir-se entre ceder aos encantos de Rachel e ajudá-la a divulgar a carta ou se submeter à ideologia de seu pai.
É assim que Evan Drake Howard transmite uma mensagem de esperança neste romance sobre a possibilidade de paz entre diferentes culturas.
Além das anotações do diário do Irmão Gregory, baseadas na carta de Jesus, tecendo considerações a respeito do amor, a pergunta que permeia toda a obra é: poderia essa carta solucionar os conflitos no mundo contemporâneo ou apenas geraria ainda mais controvérsias?
A pergunta parece-me ter a sua resposta dada num momento marcante do livro: é quando pessoas se reúnem aos pés do Muro das Lamentações numa tentativa de paz entre palestinos e israelenses:
“ Bandeiras de países da África, Ásia, Europa e Américas traziam mensagens em cartazes coloridos decorados com pombos e ramos de oliveiras que inspiravam a busca pela paz. Famílias e universitários se misturavam com padres, rabinos e imames  e faziam com que se lembrassem de que todos os povos podem conviver em harmonia. A diversidade dos manifestantes era evidente: judeus envoltos em seus xales de oração brancos, sacerdotes russos e ortodoxos usando longas túnicas pretas, homens muçulmanos com seus chapéus kufi e mulheres muçulmanas com os rostos cobertos por hijab. Jerusalém significava “cidade da paz” , mas nunca um nome soou como uma ironia mais amarga. Esta cidade de profetas e sábios, reis e peregrinos, eruditos e poetas também era uma cidade de generais, guerreiros e homens-bomba. Apesar do lugar sagrado, sentia-se  o confronto entre o sonho da benção divina e do pesadelo da guerra e do potencial desperdiçado, da grande possibilidade comprometida por um ciclo sem fim de brutalidade e vingança. Jerusalém era como uma noiva amorosa com um coração de prostituta. Ela seduzia com eminentes promessas de paz, apenas para deixar as pessoas chorando quando essas promessas eram destruídas pela pedras do derramamento de sangue e morte”.
No livro, diferentemente da realidade exposta diariamente na mídia, com a leitura da carta de Jesus Cristo a Maria Madalena, ocorreu a fundação de uma nação da Palestina, depois que o muro de separação de Israel veio abaixo, que o sistema de passes acabou, que os pontos de inspeção foram desmontados, que os problemas dos assentamentos se resolveram.
Mas mesmo assim, persiste uma única esperança verdadeira do mundo: a revolução em favor da paz continuará sempre que o amor entrar em cena e transformar inimigos em amigos.
Começando comigo e com você.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
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