Primeiro dia de lockdown em Ribeirão Preto: ainda faltam longos outros quatro dias.
Acordei com um grito entalado na garganta, e o a letra do Hino à Proclamação da República na ponta da língua:
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Nos dias de lockdown
Dá que ouçamos tua voz
Logo em seguida veio à minha mente a obra “O Grito” , do norueguês Edvard Munch: A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero… . assim eu também me sinto..
Fui até meu quintal, o único lugar ao ar livre que o maldito prefeito me permitirá visitar, nos próximos cinco dias, e, como um grunhido dolorido cantarolei, ou melhor, solucei:
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Nas manhãs de março de 2021.
Graças ao bom Deus — e ao meu emprego , aos esforços do mantenedor do Colégio em que trabalho para suportar os reflexos da pandemia nos seus negócios — tenho comida à minha mesa, tenho a possibilidade de pedir alimentos por delivery: no supermercado, na padaria, ou por iFood .
Mas nem só de pão vive o homem.
Eu quero trabalhar !
Eu quero ter meus momentos de lazer no Clube de Regatas , junto à natureza e respirando ar puro!
Eu quero fazer um churrasco em minha casa, com meus filhos!
Eu quero vida !
#LockDown mata! Lockdown viola o espírito da Constituição de 1988, atingindo preceitos fundamentais estruturantes do Estado Democrático de Direito instituído pela Constituição Cidadã, em especial o direito à liberdade de locomoção.
Espero que, em breve, desgovernadores e prefeitos passem por um Tribunal Militar Internacional, ao modo de Nuremberg, mas tupiniquim: não tenho paciência de esperar pela Justiça Divina, que por certo virá sobre todos os responsáveis pelas mortes de milhares de pessoas.
Que assim seja!
ANTONIO CARLOS TÓRTORO