ESSAS COISAS QUE EU TE PEÇO…
“Meu amado é para mim como um feixe de mirra que pousa entre meus seios “
Cântico dos Cânticos –Rei Salomão
Em um tratado do século 13, “Menorat Hamaor”, atribuído a Nachmanides, há um capítulo sobre a santidade das relações sexuais entre os cônjuges. Ele diz: “Um homem não deve considerar a união sexual como algo feio ou repugnante, porque, então, blasfema a Deus. As mãos que escrevem uma santa Torá são celebradas, enquanto as mãos que roubam merecem nosso repúdio. O mesmo acontece com o corpo e com os órgãos sexuais. São moralmente neutros; seu valor moral depende do que se faz com eles”.
Dante e Heloisa escrevem com eles, transmutados em versos, um hino ao amor e ao sexo, dedicado àqueles que ousam, aos que se atrevem, se arriscam a viver sem medo de amar.
“E o teu gosto, há como eu quero / Todos os teus gostos! / O doce dos teus seios, / O mel das tuas entranhas…”
O íntimo encaixe do côncavo e do convexo nos versos de Heloisa e Dante me permite dizer que “Essas coisas que eu te peço” é uma obra escrita a dois sexos por um único autor: Heloidante Marcrósio.
“Meu corpo irrequieto, / A pele suada, molhada… / E o gozo vem-me num momento! / E em minha fantasia, / É o teu corpo faminto / Que a minha fome sacia…”
Seguramente é um livro/orgia para ser lido, se possível, ao lado da(o) companheira(o).
Os suores, salivas, os fogos, o esperma, suspiros, cheiros, as secreções mais íntimas, escorrem pelas quase noventa páginas de um livro que nos permite, como se pelo buraco indiscreto de uma fechadura, participar virtualmente de um ménage à trois: dois poetas e leitor (a).
Da mesma forma que em “Amor e carne” , primeiro livro dos mesmos autores — apaixonados pela vida e pelo viver — esse mais recente trabalho de Heloisa e Dante apresenta ao leitor poemas quentes, cenas fortes mescladas com a ternura que o amor — vivido em plenitude, sem governo e intensamente — exige e reclama.