GENGIS KHAN E O ESTANDARTE DO ESPÍRITO
“Gengis Khan era um realizador”
Washington Post, 1989
Certo dia, sem ter nada o que fazer, zapeando pela internet encontrei, num documentário interessantíssimo, uma cena da vida de Gengis Khan que semeou em mim uma curiosidade enorme sobre a vida dele.
O assunto era traição: e disso eu entendo depois que fui traído por um grupo de “colegas” da Academia Ribeirãopretana de Letras, no final de 2007.
A cena registrava o ocorrido em 1205, o Ano do Boi, um ano após a vitória sobre os Naiman — tribo da região Oeste da Mongólia, governada por Tayang Khan até sua derrota para Gengis Khan —, os seguidores de Jamuka — Irmão de Juramento de Gengis Khan e por um breve período Gur-khan dos mongóis, até ser executado por Gengis Khan —, desesperados e resignados à derrota, aprisionaram-no e o entregaram a Temujin (Gengis Khan). Apesar da animosidade entre os dois homens, Temujin valorizava a lealdadae acima de tudo. Em vez de recompensar os homens que haviam levado Jamuka até ele, ordenou sua execução na frente do líder que eles tinham traído.
Então, resolvi matar a curiosidade conhecendo um pouco mais sobre a vida de Temujin, o Gengis Khan , lendo o livro Gengis Kahn e a Formação do Mundo Moderno, de Jack Weatherford, 461páginas da editora Bertrand Brasil.
E, da mesma forma que o pacifista Jawaharlal Nehru ( o pai da independência indiana e de Indira Gandhi, ex-primeira-ministra da Índia) , fiquei fascinado pela vida desse homem que deixou marcas indeléveis em todos os aspectos do nosso mundo moderno — fronteiras, filosofias políticas, tecnologia, guerras, comércio, roupas, arte, literatura, língua e música — após me deixar levar por esse trabalho fascinante de revisão histórica que não só traça um retrato sem precedentes de um grande líder e de seu legado como nos desafia a reconsiderar a formação do mundo atual.
Nas orelhas do livro um resumo da obra: “O nome Gengis Khan frequentemente evoca a imagem de um bárbaro implacável e sanguinário, sobre o lombo de um cavalo, liderando um bando de cruéis guerreiros nômades no sauqe do mundo civilizado. Mas a verdade surpreendente é que Gengis Khan foi um líder visionário, cujas conquistas uniram a arrasada Europa às culturas florescentes para desencadear um despertar global, uma explosão sem precedentes de tecnologia, comércio e idéias. Abrindo à força, nas estepes remotas da Mongólia, seu caminho até o poder, Gengis Khan desenvolveu estratégias militares e armamentos revolucionários que enfatizavam o ataque rápido ( a conhecida blitzkrieg alemã na Segunda guerra Mundial) e a guerra de sítio, usados de maneira brilhante para derrotar exércitos na Ásia, quebrar a espinha dorsal do mundo islâmico e tornar obsoletos os cavaleiros com suas armaduras na Europa. Sob Gengis Khan, o exército mongol nunca passou de 100 mil guerreiros. Mesmo assim, subjugou mais terras e povos em 25 anos do que os romanos em 400. Com um império que se estendia da Sibéria à Índia, do Vietnã à Hungria e da Coréia aos Bálcãs, os mongóis redesenharam de uma vez por todas o mapa do Globo, conectando reinos díspares em uma nova ordem mundial”.
Depois da leitura dessa extraordinária obra, é impossível olhar para o Eterno Céu Azul e não se imaginar cavalgando pelas estepes, ao lado de Gengis Khan e seu estandarte de crinas de cavalos: o Estandarte do Espírito, residência da alma do guerreiro após sua morte.