HOMENAGEM PÓSTUMA AO AMIGO HORÁCIO: REI DA COSTELA

 

O CÉU ESTÁ PERFUMADO POR COSTELAS NO BAFO

Nesse início de outono recebi uma triste notícia.
Meu amigo Horácio Vieira Machado – 77 anos,  foi preparar costelas no tambor, lá no céu.
Em forma de despedida, olhei para o alto: as nuvens me pareceram fumaça emanada de enormes costelas que perfumavam o espaço cósmico, povoado por anjos e arcanjos que recebiam, junto com o Criador, um de Seus filhos mais amado.
Eu me lembrava que, durante muito tempo, cobertas com sal grosso, assando por longas horas, a carne saborosa não saia do olhar atento do churrasqueiro profissional, e emanava um cheiro inesquecível: não havia ninguém que não salivasse diante da cena gastronômica.
No início da década de noventa, em homenagem a essas obras primas da culinária, resolvi imortalizá-las com um poema:

 

HORÁCIU’S COSTELARIA

Poema do meu livro ECOS – lançado em 18.10.1991

Nenhuma tragédia humana,
Nem lágrimas ou desespero.
Só tempero, sal grosso e salivação.
Nenhuma dúvida existencial
sobre valores gastronômicos
da cármica condição.

Nenhum mistério entre o céu,
a Terra e o prato.
Nada igual se faz no Reino
da Califórnia Brasileira,
e no trato cordial
e sensível
Nesse palco,
onde representa das noites todas elas
o nosso Horácio,
o das Costelas.

Poemas fumegantes,
cálidos, de enlouquecer,
aroma que Roma de Horatius,
o Quintus Flacus,
nunca virá a conhecer.
Obras como as do homônimo latino,
de larga e profunda popularidade:
Especialidade: costelas no bafo.

Picantes qual sátiras,
são hinos sáficos em honra,
não de Apolo ou Diana,
mas do bom gosto.
Convites a gozar o melhor
da vida quotidiana, o mosto.
A mesma vida que Adão
cedeu a Eva,
sem a gelada ceva,
a caipirinha,
numa sexta em ritual profano,
no Horáciu’s Costelaria:
Altar exposto aos amigos,
na Arnaldo Vitaliano.

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