“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?”
I Coríntios, 6
Tendo em vista as dificuldades da minha vida de um jovem adolescente de classe média, criado em um lar cristão, eu sempre busquei uma forma de manter contato com Deus, aquele Deus que meu pai dizia sermos Seu Templo.
Comecei encontrando pistas Dele, ao ler o livro Sidarta , de Herman Hesse, autor pelo qual me apaixonei. Sidarta é um romance publicado em 1922 e conta a passagem da vida e pensamento de Sidarta Gautama, o Buda, durante a sua estada na Índia em 1910. O livro trata basicamente sobre a busca pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra absolutamente completa e plena.
Já adulto, recém casado, fui apresentado — por um colega de magistério, no SENAI — à AMORC – Antiga e Mística Ordem Rosacruz. Então eu soube que alguém que se tornava Membro da AMORC, aprendia o significado do rosacrucianismo, e o ser um Rosacruz. Na Tradição Rosacruz a expressão “estado Rosacruz” refere-se ao estado de Perfeição. Ralph M. Lewis, Imperator e fundador da Loja,dizia: “Ser Rosacruz é ser primeiro um Membro Rosacruz”, ou seja, é necessário primeiro estudar e aceitar ser apenas um discípulo, é estar na senda tradicional e iniciática, mesmo que essa condição possa durar dezenas ou centenas de encarnações. Agora ser Rosacruz significa ter chegado ao final dessa Senda. Nosso Eu interior conhece e compreende essa finalidade. Atingi altos graus na Ordem, mas não atingi — é óbvio — a tão sonhada Iluminação.
A busca continuou.
Certo dia ouvi dizer algo sobre Os exilados da Capela, um livro de 1949 — ano do meu nascimento — de autoria de Edgard Armond, que foi secretário-geral da Federação Espírita do Estado de São Paulo. O livro traz conceitos oriundos da teosofia, a teoria do pré-adamismo e a teoria dos astronautas antigos. O autor pressupõe a existência de uma civilização muito desenvolvida, moral e intectualmente, que habitaria o quarto planeta em órbita de Capella, estrela essa realmente existente, da constelação do Cocheiro.No livro um grupo de capelinos não teria correspondido à evolução moral dessa civilização e, esse grupo de 25 bilhões de espíritos teriam sido banidos para o Planeta Terra, há cerca de 65.000 anos, onde fundaram no Continente Atlântico, a cidade de Atlântida, que um dia se afundou , dando início à jornada civilizacional organizada humana, por meio de sucessivas encarnações desses espíritos, em corpos humanos, principalmente a partir de cerca de 12.000 anos atrás.
Devido ao alto grau de conhecimento que possuíam, se destacaram na Matemática, astronomia, arquitetura, agricultura e navegação, deixando obras como as Pirâmides do Egito, os jardins suspensos da Babilônia e as edificações maias e astecas, dentre outras.
Mas não encontraram, exceto uma ínfima minoria de humanos especiais — Jesus e Buda, por exemplo — a tão buscada Iluminação.
Isso posto, no meio desse ano de 2023, minha filha, sabendo do meu interesse pelo assunto — iluminação — pediu-me para ler um livro, O Poder do Agora – um guia para a iluminação espiritual: ela queria saber minha opinião sobre essa obra de Eckhart Tolle, escrita em 1948.
Desde o primeiro capítulo, não me desgrudei do meu Kindle. Devorei página, após pagina. Sem tomar sequer um fôlego, iniciei a leitura de, Um Novo Mundo – O despertar de uma nova consciência, do mesmo autor, e me envolvi numa briga com meu ego e o meu Corpo de Dor, que dura até hoje: penso eu, essa briga durará por todo o restante de minha existência, já septuagenária: “descobrir” que todas as estruturas são instáveis, mudou meu olhar sobre mim e sobre as outras pessoas.
Pensei: talvez se a população de Capela conhecesse essas obras, não teríamos tido tantos milhões de exilados. E, se todos pudessem, lê-las a partir de hoje, talvez, no futuro, não tenhamos Exilados da Terra, porque viveremos em um Mundo Novo.
Eu gostaria que todas as pessoas lessem essas duas obras e posso dizer com certeza: quem for em busca de um livro que aborde sobre espiritualidade, fale pontualmente sobre as mensagens de Jesus, da nossa sociedade, aspectos psicológicos, energia e, ainda, for corajoso o suficiente para querer, por livre e espontânea vontade, tomar uns tapas literários, eu indico esse trabalho maravilhoso que faz a consciência vir à tona.
Estou tentando me recuperar do choque que essa leitura me provocou, e posso garantir que não sou, e não serei mais, mais a mesma pessoa.
Fiquei feliz por não ter lido esses dois livros antes: talvez não tivesse a maturidade necessária para aproveitar, como deveria, essas obras publicados pela Editora Sextante que, incrivelmente, cujo preço, incrivelmente, está numa faixa de R$ 25,00.
Quanto a mim, recomecei minha antiga jornada em busca de Iluminação, ou Salvação, ou Nirvana, ou Paz Profunda, ou Mocsa, ou Satori, ou Samádi, ou Paz de Cristo. Não importa o nome, estarei em busca do meu Deus Interior, o Deus dos nossos corações.
Que assim seja !!!!