ARTIGO: MINHA PITANGUEIRA -MINHA SARÇA ARDENTE

 

MINHA PITANGUEIRA: MINHA SARÇA ARDENTE

 

A pitanga tem sabor agridoce: a palavra “pitanga” vem do termo tupi antigo que significa “fruto rosado”.

 

Na frente de minha morada, há uma jovem pitangueira, plantada no dia 15 de junho de 2019 com o objetivo de produzir sombra acolhedora durante os quentes verões de Ribeirão Preto.

Sua copa globosa é dotada de folhagem perene e tem servido de ninho para uma rolinha que se assusta a qualquer movimento ríspido dos transeuntes.

As folhas pequenas e verde-escuras, quando amassadas, exalam um forte aroma de mata nativa.

As flores são brancas e pequenas , hermafroditas, são simples, opostas, oval-lanceoladas, brilhantes tendo utilidade melífera , apreciada por abelhas na fabricação do mel.

Mas agora vamos falar dos frutos da minha pitangueira que mais uma vez surgiram, agora durante a primavera de 2024.

A pitanga é o fruto da pitangueira, dicotiledônea da família das mirtáceas. Tem a forma de bolinhas globosas, tenras e carnosas, de cor vermelha, laranja, amarela ou preta. Na mesma árvore, o fruto poderá ter desde as cores verde, amarelo e alaranjado até a cor vermelho-intenso, de acordo com o grau de maturação.

Colher pitangas do pé faz com que eu me sinta como se estivesse diante de uma sarça ardente, um milagre de Deus, simples e sagrado.

 

Para muitos, talvez, o pé de pitanga seja apenas uma planta que suja o chão com suas folhas, um incômodo a ser contido, mas, para mim, cada frutinha rubra é um presente, uma pequena bênção envolta em simplicidade.

 

Ao estender a mão e pegar uma pitanga, sinto a conexão profunda com a terra, com o tempo e com a essência divina que parece pulsar em cada galho. O ato de colher se torna quase uma reverência, uma comunhão íntima com a natureza e com algo maior, algo que poucos conseguem ver e sentir.

 

Cada uma das pitangas me lembra minúsculas abóboras de várias cores, frágeis e delicadas, como pequenas joias naturais penduradas nos galhos entrelaçados.

 

Suas formas arredondadas e sulcadas são quase esculpidas, em tons que vão do verde ao vermelho mais vibrante. Elas surgem após as sensíveis flores brancas, que desabrocham como pequenos encantos efêmeros, atraindo os passarinhos com sua leveza. As flores, tão delicadas que são, parecem anunciar o milagre que está por vir: o fruto, que aos poucos amadurece e se enche de vida, transformando o arbusto em um espetáculo de cores e sabores.

 

Até o caroço da minha pitanga é especial: pequeno e delicado, guarda uma curiosa semelhança com uma pérola e assim como a pérola, ele é um tesouro oculto no interior da fruta, protegido por sua polpa suculenta e vibrante. Sua forma arredondada e lisa evoca uma joia natural, discreta e preciosa, destacando-se como o coração da pitanga, guardando o mistério da renovação e do ciclo da vida.

 

Enfim, colher pitanga na calçada de minha casa, durante a primavera, é um ato de amor que enriquece espiritualmente o início de cada um dos meus dias.

 

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras

www.tortoro.com.br

ancartor@yahoo.com

 

 

 

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