ARTIGO: VOTO AUDITÁVEL JÁ

 

VOTO AUDITÁVEL JÁ

 

“Você depositaria seu dinheiro no caixa eletrônico de um banco que não emitisse o comprovante de depósito ? “

 

Olho para a tela da urna eletrônica da mesma forma que olho para o monitor de um computador que não tem a tecla Salvar: sinto-me um palhaço de um circo sem graça alguma.

 

Quando aperto a tecla Confirmar, a sensação é de que meu direito de escolha voa para os ares, para o infinito, para um lugar em que somente o TSE pode chegar, e eu não confio no TSE por motivos óbvios.

 

O Sistema joga pesado, e sujo.

 

Minha primeira experiência como eleitor foi em 1968: votei em Welson Gasparini, ARENA – Aliança Renovadora Nacional, que foi eleito Prefeito de Ribeirão Preto pela primeira vez. Era o início de uma longa trajetória política na cidade, onde ele também foi reeleito Prefeito em outras ocasiões.

 

Em 1970 conheci minha esposa Lu, e passamos a votar em conjunto a partir de 1974: de mãos dadas e corações esperançosos de um dia termos um Brasil melhor, íamos depositar nossos votos nas urnas, que não eram eletrônicas.

 

Nas eleições de 1970, a oposição, com muitos de seus líderes presos ou exilados, pregou a abstenção. O resultado foi uma vitória esmagadora da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio à ditadura, que passou a deter dois terços da Câmara e nada menos que 59 das 66 cadeiras do Senado.

 

Em abril de 1974, o regime militar completava dez anos com poucas ameaças no horizonte. Um simulacro de democracia era mantido, com eleições diretas apenas para deputados, senadores, vereadores e parte dos prefeitos.

 

Em 1989, almas envoltas em sonhos, após o fim do Regime Militar, ajudamos a eleger Fernando Collor de Melo como Presidente.

 

A eleição presidencial de 1989 no Brasil foi realizada em dois turnos. O primeiro aconteceu em uma quarta-feira, 15 de novembro de 1989, e o segundo em um domingo, 17 de dezembro de 1989. Foi a primeira eleição presidencial do país após a promulgação da Constituição Federal de 1988. No total, 22 candidatos a Presidente e 22 a vice-presidente do Brasil concorreram na eleição. Os principais candidatos à presidência foram: o liberal Fernando Collor de Mello (PRN, atual Agir), o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o trabalhista Leonel Brizola (PDT), o socialdemocrata Mário Covas (PSDB), e o conservador  Paulo Salim Maluf (PDS, atual Progressistas. Foi a primeira eleição direta brasileira em que presidente e vice-presidente da República foram eleitos juntos, norma mantida nos pleitos seguintes e que continua até hoje.

 

Agora, em 2024, Lu e eu  continuamos nos dirigindo, de mãos dadas, à nossa seção eleitoral: mas nossos corações já não são mais esperançosos porque voltamos a viver um simulacro de democracia,  uma ditadura do judiciário.

 

Nas próximas eleições Lu e eu, septuagenários que seremos, não pretendemos mais sair de nossa casa para votar, a não ser que tenhamos uma eleição com votos auditáveis: não queremos continuar nos sentindo fantoches do Sistema, Manés.

 

Penso que o debate sobre o voto impresso e a contagem pública dos votos é central para a garantia da transparência e da confiança no processo eleitoral.

 

A principal argumentação a favor do voto impresso é a criação de uma auditoria física que sirva como verificação paralela ao processo eletrônico, assegurando que o voto registrado pelo sistema eletrônico corresponde ao voto efetivamente escolhido pelo eleitor. Esse mecanismo, portanto, adiciona uma camada de segurança, mitigando possíveis falhas ou fraudes que poderiam ocorrer apenas no sistema digital.

 

A contagem pública dos votos impressos reforça ainda mais a confiança no processo democrático. Ao permitir que qualquer cidadão possa acompanhar ou fiscalizar a apuração, garante-se que o processo eleitoral seja acessível e transparente, fortalecendo o vínculo entre o eleitorado e as instituições democráticas. A transparência pública é um antídoto contra alegações de manipulação ou irregularidades, e promove um ambiente de maior legitimidade ao resultado das eleições.

 

Ao mesmo tempo, é importante destacar que a implementação do voto impresso deve ser realizada com cautela para evitar que o sistema eleitoral fique vulnerável a manipulações, como a quebra do sigilo do voto ou tentativas de coerção dos eleitores. O equilíbrio entre segurança, privacidade e transparência é essencial para um processo eleitoral que preserve a confiança da população e assegure a justa representação democrática.

 

Em resumo, o voto impresso, aliado à contagem pública, oferece uma forma eficaz de garantir maior transparência e legitimidade ao processo eleitoral, fortalecendo as bases da democracia e assegurando que a vontade popular seja respeitada de forma íntegra.

 

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

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