CAPA DESNUDA HIPOCRISIA

“As crianças são fascinadas por máscaras. Para elas, as máscaras são portas que levam a fantasia. No mundo adulto ocorre o mesmo. Homens e mulheres também recorrem as “máscaras” para viver suas fantasias. A grande diferença é que as crianças assumem suas máscaras e os adultos não”.

Edson Dias

Minha cara Irene Coimbra: obrigado.
Obrigado, primeiramente por, em pouco tempo de nossos contatos, ter percebido que sou uma pessoa que vive para servir, sem impor condições, e resolveu, sem pressão de qualquer tipo,  e sem pensar em seu prejuízo  financeiro,  me presentear com a capa de sua revista Ponto & Vírgula do mês de setembro.
Mas o meu obrigado mesmo, foi por me permitir, tendo sido capa de sua revista, descobrir/sentir como certas pessoas, que nos juram amizade sincera e eterna,  ficam incomodadas com o reconhecimento de nosso trabalho.
Quando o poeta Toledo, no dia de sua posse, declarou para as câmeras do Canal 9, que sua indicação era fruto de sua capacidade e merecimento, e não de apadrinhamento, falou a pura verdade: assim o foi.
Mas penso que, pelas reações silenciosas, no meu trabalho, nas reuniões com meus pares, e no Facebook  — pessoas  que pensam que, por experiência própria,  só o dinheiro e/ou a troca de favores permitem a aparição em uma capa de revista  — que se sucederam à minha aparição na capa da Ponto & Vírgula no. 9, muitos, possivelmente,  passaram a pensar que tudo não passou de uma troca de favores entre nós: eu a indiquei para uma Cadeira na ARE e você me deu uma capa de revista.
Triste, ofensivo e ledo engano.
Mas não vou perder tempo me justificando, porque quem assim crê, não nos conhece, e quem nos conhece, sabe que não precisamos dar explicações.
A capa de uma revista passa, porque posso garantir que não ficarei surpreso se, num dia qualquer em que eu tiver que usar um banheiro público, vier a descobrir que limparam fezes com meu sorriso clicado com imenso amor  e carinho, por minha amada/amante a fotógrafa Lu Degobbi.
Mas não passará jamais a minha decepção pelo grito silencioso de  algumas pessoas ao receberam nossa revista, assim como também nunca mais serão olvidadas as dezenas de mensagens de carinho e reconhecimento, vindas de amigos via Face, e-mails e pessoalmente, recebidas pelo trabalho que, há mais de quarenta anos presto à Educação e à Cultura de nossa cidade.
Vivemos num mar de hipocrisia: a origem da palavra hipocrisia está vinculada a ideia da representação teatral grega antiga quando o ator encenava algo que, na verdade, ele não era.
Triste realidade, desnudada por uma capa de revista.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br70_12541-1

ARTIGOS