AC Tórtoro, sua esposa, Lu Degobbi, e mais duas dezenas de fotógrafos do GRUPO AMIGOS DA FOTOGRAFIA cobriram nas noites de sábado e domingo , 21 e 22 de fevereiro, os desfiles das escolas de samba de Ribeirão Preto.
“Na casa de Irene se canta , se ri, tem gente que vem, tem gente que vai .”
Nico Fidenco
Tudo novo no Carnaval 2009, principalmente no que tange ao relacionamento humano.
E o exemplo veio de casa: a nova Prefeita, Dárcy Vera, percorreu parte da Passarela do Samba “Mestre Oscarzinho”, cumprimentando muitos dos populares presentes ao evento: saiu do palanque para beijar, abraçar, sorrir, brincar, cantar, sob as luzes de fleches que registravam o fato inédito, tão comum, mas só durante as campanhas eleitorais
A simpática e bela Corte de Momo permeou, após a abertura do evento, os intervalos entre os desfiles das escolas: pacientes e solícitos, Rei Momo (Celso) , Rainha ( Adriana) e Princesas ( Amanda e Maira), atendiam a foliões e fotógrafos, distribuindo luxo e beleza.
A comissão organizadora ( parabéns ao empresário Genivaldo Gomes e toda Comissão de Carnaval ) não poupou esforços no sentido de fazer tudo correr bem, todos com sorrisos nos lábios e o coração brincando em consonância com a alegria do Carnaval.
Quase perfeito som, iluminação, arquibancadas, segurança ( Polícia Militar, Guarda Civil e agentes da Transerp) , palanques, cabine de som, camarotes, pintura da pista, tendas, lanches, água, refrigerantes, cabines sanitárias — novas, limpas, com papel higiênico disponível, sem o odor horrível que tomou conta das que foram oferecidas, danificadas e malcheirosas, aos profissionais que ali trabalharam no ano anterior.
Nosso Grupo Amigos da Fotografia, com mais de vinte componentes, desfilou durante dois dias, na avenida Mogiana, sábado e domingo, clicando tudo o que pudesse deixar marca na história do Carnaval ribeirãopretano: carros alegóricos, sambistas, baianas, mestres-salas e porta-bandeiras, comissões de frente, destaques, gente do povo que lotava as arquibancadas.
Fotografamos, dançando ao som da cantiga do Afoxé Orunmila, choramos no ritmo alucinante da batida forte e marrenta da Camisa 12 Corinthiana, escola que escorreu como lágrimas pela avenida, quase desnuda, sem suas fantasias.
No domingo, antes da apresentação da Camisa Preta e Branca, choraram os céus: um breve chuvisqueiro lamentou a sina da outra escola de mesmas cores.
Mas a passarela iluminou-se de forma espetacular e inesquecível com Embaixadores e Bambas, e fechou os memoráveis momentos de luz e cor com a Tradição do Ipiranga.
Segunda-feira, na sede do Grupo Amigos da Fotografia, nossa Casa de Irene, ocorreram reuniões sucessivas para seleção de oitenta fotos para uma exposição no Palácio Rio Branco: na tela do computador um resumo de toda a beleza, harmonia, movimento e vida de mais um Carnaval que passou.
Quanto às punições das escolas que infringiram o regulamento, sugiro à nossa cara Prefeita que interceda junto à comissão de ética das Escolas de Samba a fim de que nenhuma escola seja punida neste ano em homenagem ao falecido carnavalesco Carlinhos Durão: já sofreram demais nesses anos todos e agora precisam de apoio concreto, respeito, atenção e carinho, aliás , como todas as áreas culturais de Ribeirão Preto, que não contam com um Conselho à altura de sua grandeza e História.
COMENTÁRIOS DO ESCRITOR WALDOMIRO PEIXOTO – ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS.
Caro ACT,
Vi as fotos do Carnaval 2009 que colocou em seu site. Vi outros ensaios também. E sei que seu acervo deve ter mil vezes mais material guardado do que vem à luz.
Eu fico cá pensando: que energia é essa e que disposição para registrar a história de nossa cidade! Ao longo de seus 60 anos, quanto já não foi escrito, agora quanto não tem sido fotografado?
Nas próximas décadas, quando algum estudioso for ‘escarafunchar’ a história de RP, terá que forçosamente passar pelo seu trabalho diuturno e incansável.
Que Deus lhe dê ainda muitos, mas muitos mesmo, anos de vida com saúde, disposição e desprendimento para fazer este trabalho – eu ia dizer ‘de formiguinha’, mas recuso o lugar comum – de gigante a registrar a história viva, quente, irretocável e factual de RP. Está acontecendo, registra-se!
Já agora, ainda hoje, a memória da cidade lhe deve muito. Ficará a dever muito mais. Sabe por quê? Porque cada minuto de sua vida é vivido e voltado para os outros, construindo História. Por onde passa deixa rastros de beleza, espalha flores pelo caminho, elogia quando merece, critica quando precisa, mas nunca falta à verdade, à sua verdade, quase sempre relativa, porque fruto de uma situação e circunstância, já que a Verdade Absoluta nem o Filho do Homem teve a leviandade de afirmar.
O seu registro da História de RP tem sido forte e profícuo exatamente porque passa pela sua coragem de ser livre e de livre expressar o que vê e sente. Se a mão escreve, o olho vê, então o corpo vibra e a alma sente, e você acaba se pondo por inteiro no que faz. Isso me lembra Fernando Pessoa / Ricardo Reis:
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”
Assim tem sido Antônio Carlos Tórtoro.
Parabéns para você é pouco.
Minha admiração e meu carinho, incansável Amigo,