“Quem disse que não posso capturar estrelas com anzol, numa pescaria de sonhos?”
Fabi Armond
Boas Maneiras, é a essência da boa educação.
Um bom relacionamento depende, e muito, do nosso comportamento social.
Mesmo na beira do rio, quando nos propomos a pescar, por exemplo, num clube recreativo, há uma gama imensa de normas a seguir.
Nunca achar que determinado lugar é somente seu, e criar caso com quem porventura o ocupe sem sua permissão: beira de rio não é loteamento.
Ao usar carretilha ou molinete, nunca deixe que a linha de sua vara encoste no barranco e impeça que outros pescadores tenham seus momentos de lazer impedido por dezenas de metros de fio de nylon: use somente o espaço de rio à sua frente.
Ao chegar para pescar, nunca encoste na beira do rio para fazer o mesmo, a menos de seis metros ( três metros de cada lado) de quem já está pescando: jogar a linha em cima da linha do outro, então, nem pensar.
Ouvir música no último volume, estando diante da natureza, é., no mínimo, falta de bom senso e de bom gosto: ninguém é obrigado a ouvir as músicas que só você gosta — as margens do rio não são sua casa.
Fique atento, entre uma puxada e outra do lambari, do curimba ou do dourado, se seu vizinho e colega pescador está precisando de ajuda: um pedaço de linha, um anzol, mãozinha para tirar um peixe maior de dentro do rio utilizando cesta apropriada ou coisa parecida.
Nunca disponha na extensão da beira do rio mais varas e carretilhas/molinetes do que seu número de mãos de que você dispõe: usar mais de três varas/carretilhas,/molinetes é uma demonstração de egoísmo e ganância: dividir de forma equânime a beira do rio é saber conviver em sociedade.
Se tiver levado um cafezinho quente, pedaço de bolo ou lanche, ou coisa parecida, ofereça aos parceiros de pescaria, mesmo sabendo que não aceitarão sua oferta.
Se quem estiver ao seu lado, não tendo consciência ecológica, não devolver para o rio peixes menores ou protegidos por leis ambientais, não compre briga: para quem não tem consciência, pouca importância terão seus apelos e argumentos: denuncie a prática desse indivíduo para os responsáveis pelo clube.
Se alguém perguntar a você como foi feita sua isca, ou com o que você está pescando, dê ao curioso todas as informações de forma correta e com um sorriso no rosto: um dia você poderá precisar do mesmo tipo de informações.
Se sua linha se enroscar ou for enroscada na do vizinho, peça desculpas e aproveite o momento de desfazer o enrosco para troca de gentilezas e comentários amenos: beira de rio não é lugar para estressados e mal-humorados.
Aos que não pescam, mas gostam de ver pescar, um pedido: não conversem mais do que pouquíssimos minutos com quem está pescando: o momento da pesca é um ritual sagrado de jogar a linha, esperar a fisgada, puxar, recolher ou não o peixe…e recomeçar incansavelmente o íntimo movimento repetitivo.
Para os adeptos de Jet skies, barcos motorizados ou similares, fica um pedido: divirtam-se fora da área dos pescadores. É só vocês imaginarem em como seria desagradável se o rio ficasse coberto de linhas e anzóis de margem a margem: no rio há espaço para todos.
Na beira do rio, nunca trate/discuta assuntos sérios: política, religião e futebol: isso só irá trazer aborrecimentos, e você, possivelmente, não levará para casa a mistura suficiente para o dia.
Finalmente, para quem gosta da beira do rio, mas tem dó de verem fisgados os peixes, leve sempre um bom livro, para pescar neles sonhos, com anzóis da imaginação: se assim permitirem seus amigos pescadores.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br