“Nunca ou quase nunca se vê o êxito como resultado do esforço, do trabalho como investimento a longo prazo”.
Mia Couto – no livro E se Obama fosse africano ?
Sou Orientador Educacional, e nesse início de ano tenho uma sugestão a fazer aos pais e/ou responsáveis: mantenham contato constante com os especialistas em Educação da escola de seu filho.
Encontre sempre um tempo, por exemplo quinze minutos a cada quinze dias, para saber se ele está fazendo as tarefas, respeitando as normas do colégio, tendo bom relacionamento com colegas, obedecendo às normas e limites estabelecidos pelo regimento interno, conseguindo obter notas dentro da média exigida para aprovação, participando dos plantões quando tem dúvidas, chegando no horário para as atividades desenvolvidas, enfim, sendo um aluno com o comportamento esperado por você e pelo estabelecimento de ensino no qual ele passa a maior parte do seu dia e do ano.
Qualquer que seja a dúvida,crítica construtiva ou sugestão, “ligue djà” , pois a parceria pais/escola é de fundamental importância para o sucesso do aluno ao final de cada ano letivo, evitando-se, assim, as surpresas de uma reprovação ou necessidade de uma prorrogação das atividades escolares por causa de recuperações, estragando as férias antecipadas dos pais, programadas com certa antecedência junto às empresas em que prestam serviço.
É preciso que se evite a ideia de que pais só ligam para reclamar, dando margem à criação de mensagens eletrônicas — publicadas na Internet sem nome(s) do(s) autor(es) — como a criada pelos professores de uma escola, após sofrerem processos por terem cobrado dos pais presença e trabalho dos alunos, quando, ao final do ano, os pais exigiram a aprovação de seus filhos, mesmo com muitas faltas, notas baixas e sem terem feito os trabalhos escolares.
Eis a mensagem supostamente gravada:
“Olá ! Para que possamos ajudá-lo, por favor, ouça todas as opções.
Para mentir sobre o motivo das faltas do seu filho – tecle 1 . Para dar uma desculpa por seu filho não ter feito o trabalho de casa – tecle 2. Para se queixar sobre o que nós fazemos – tecle 3. Para insultar os professores- tecle 4. Para saber por que não foi informado sobre o que consta no boletim do seu filho, ou em diversos documentos que lhe enviamos – tecle 5. Se quiser que criemos o seu filho – tecle 6. Se quiser agarrar, esbofetear ou agredir alguém – tecle 7. Para pedir um novo professor pela terceira vez nesse ano – tecle 8. Para se queixar do transporte escolar – tecle – 9. Para se queixar da alimentação fornecida pela escola – tecle zero. Mas se você já compreendeu que esse é um mundo real, e que seu filho deve ser responsabilizado pelo próprio comportamento, pelo seu trabalho na aula, pelas tarefas de casa, e que a culpa da falta de esforço do seu filho não é culpa do professor – desligue e tenha um bom dia “.
O que ocorre é que nossa tentação é quase sempre maniqueísta . A visão simples que separa os “bons” dos “maus” é sempre mais imediata. Quanto menos entendemos, mais julgamos e, por isso, é preciso primeiro “ligar djá”, conversar, entender, para depois, se preciso, criticar.
Precisamos entrar em 2012 sem o atual fardo de preconceitos, de lado a lado, para o bem dos nossos jovens em formação.
Como escreve Mia Couto, escritor moçambicano: existe uma tendência para substituir o pensamento crítico pela facilidade de apontar culpas e crucificar culpados. O mundo surge como uma coisa simplificada em que os culpados são os outros, e as vítimas somos sempre nós. Essa facilidade é muito tentadora, mas é uma mentira.
Enfim, façamos valer o que sugere o bordão de Walter Mercado: “ligue djá”, antes que seja tarde,em meados de dezembro, quando somente as orações e promessas aos santos e orixás poderão salvar o ano escolar de seu filho.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
