FEIRAS DO LIVRO E O AUTOR DA TERRA HOMENAGEADO

Dizem que quando não se quer resolver um assunto, é só criar uma comissão de estudos.
Penso que, quando se quer parecer democrático, sem o ser, abre-se a possibilidade de votação de um nome, por parte do público,  mas apresenta-se a ele uma lista tríplice ou quíntupla dos amigos ou conhecidos do rei.
Acabo de receber o material de divulgação da 12ª. Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, a ser realizada de 24 de maio a 3 de junho de 2012 e, com grata surpresa, vejo escolhido, merecidamente — com 76% dos votos válidos, dados via Internet  — como autor da terra homenageado,  o escritor e professor  Alexandre Azevedo.
Justifico meu parecer.
Apesar de não ser da terra ( nasceu em belo Horizonte-MG) , Alexandre está por aqui, na terra, desde 1992, tendo escrito, em Ribeirão Preto,  a grande maioria dos seus mais de oitenta livros.  Ministra, diariamente,  aulas de Literatura para os jovens de  nossa cidade, é um grande incentivador da leitura e busca exercer atividades que formam leitores: ou seja, é um nome que tem tudo a ver com arte de escrever local.
Gostei de ver mencionada, na sua extensa biografia literária, a menção às Cadeiras que ele ocupa na ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras e na ARE- Academia Ribeirãopretana de Educação, demonstrando, de forma clara, que não se envergonha ( como alguns de seus antecessores o fizeram) de suas participações em sodalícios de nossa cidade, nas áreas literária e educacional.
É  muito comum aqui na terrinha ( e não é de hoje ) encontrarmos histórias de pessoas que, apesar de terem sido recebidas em nossos sodalícios, com toda a pompa das celebrações referentes a uma solenidade de posse, fazem questão de dizer que não são escritores, que não merecem a honraria, que não sabem para que serve uma Academia nos tempos atuais: mas se esquecem de que aceitaram o convite feito pelas instituições das quais agora fazem parte (sic) , que participaram de uma cerimônia de posse, e que , em seus discursos, prometeram amor eterno às causas da Literatura local.
Mas, mesmo sabendo que é  assim — palavras são levadas pelo vento,  e santo de casa não faz milagre — espero ver um dia, eleitos como Autor da terra homenageado, nomes de escritores nascidos em Ribeirão Preto — com ou sem destaque nacional ou internacional — mas que se orgulhem de suas obras literárias aqui vertidas, sabedores de que, em pequena ou grande proporção , com grande ou pequeno valor cultural, estão, com seus trabalhos, fazendo permanecer viva nossa história literária: um sonho sonhado quando um dia foi fundada a Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto , por coincidência ou não, na rua Liberdade.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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