OLHANDO O BURACO DOS OUTROS…

“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão”.

Lucas 6,42

O pessoal (alguns funcionários) que habita o palácio (Rio Branco) parece pensar que todos os demais moradores da cidade são seus súditos.
Uma secretária da minha amiga e Prefeita Darcy Vera respondeu-me , por fone,  que não a vê, tendo isso ocorrido diante do meu pedido para que ela dissesse à nossa alcaidessa que eu precisava da intercessão dela para resolver um problema criado por um de seus fiscais que tapou os olhos diante dos mil buracos, — inclusive nas calçadas de próprios municipais —  e enviou uma Intimação e Auto de Infração com Imposição de Multa para um casal de  octogenários em cuja calçada o único defeito era faltarem dois ladrilhos junto à sarjeta — que foram quebrados por um caminhão da CPFL  ao recolherem folhas de uma árvore que eles mesmos haviam cortado para evitar danos aos fios elétricos.
Tentei recorrer à Prefeita, depois que busquei levar o caso para um dos assessores dela, e fui informado de que os fiscais da Prefeitura não erram, e que caso isso acontecesse, o fiscal teria contra ele um processo administrativo e perda do emprego: estou pagando para ver.
Enquanto isso, minha irmã  — plebeia, que também não faz parte da nobreza, apesar de residir ao lado do palácio — tentou pessoalmente, junto aos aspones de plantão na Casa do Governo, explicar o absurdo do qual meus pais estavam sendo vítimas, e foi alvo do comentário irônico e  sarcástico, próprio daqueles que se acham acima de tudo e de todos,  daqueles que se acham donos do poder: “precisamos averiguar se isso que você está dizendo é verdade”.
Diante da inexpugnável blindagem da Prefeita, e de moucos ouvidos de inatingíveis servidores palacianos que, com competência, buscam encobrir incompetências de seus iguais, minha irmã, ao sair do Rio Branco,  encontrou solução para nosso problema ao deparar , na porta do palácio, com o vereador Marcelo Palinkas — testemunha ocular de todo o descaso que envolveu esse caso.
O nobre edil, por meio de Henrique, seu eficiente assessor, em poucas horas, fez  valer o bom senso : a absurda e ridícula intimação — que equiparava a residência de meus velhos pais  a “terreno sem muro, sem passeio, com passeio danificado, sem conservação ou com matagal, incompatível com as normas de urbanismo, higiene e NBR no.  9050, da ABNT” — foi cancelada.
É importante frisar que esse descaso ocorreu comigo, um cidadão emérito, amigo da Prefeita, e com múltiplos serviços prestados à nossa cultura e educação: temo pelo futuro do nosso sofrido povo, se algo não for feito para acabar com os desmandos ( ou seria incompetência) de alguns servidores  públicos municipais.
Quem assiste todos os dias ao noticiário da Clube e lê jornais ribeirãopretanos nota claramente que a fiscalização municipal deveria — ao invés de defender aumento de 100%  nas multas, como está fazendo no artigo “Prefeitura discute reajustar multa”, no Jornal A Cidade,  de 26/5 —  como orientam  os ensinamentos bíblicos, tirar primeiro  a  viga de seus olhos para,depois,  acusarem o cisco do olho dos contribuintes que pagam seus impostos em dia.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

OLHO

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