“Sem pecado não existe sensualidade e sem sensualidade não se faz História”.
Alberto Gonçalves
Lendo Gotas de Reflexão, uma rica coletânea de pensamentos do escritor Alberto Gonçalves — narrativas curtas e tendo como vetor acontecimentos históricos passados e presentes, fatos científicos e não tão científicos, por meio dos quais o autor vai tecendo historietas, muitas delas interligadas, que certamente poderão ser úteis, principalmente para quem tem sede de informação e conhecimento — encontrei o texto “A lenda do tapete egípcio” que me transportou no tempo.
Em resumo: “ Cleópatra VII nasceu por volta de 69 a.C., em Alexandria, e tendo ficado isolada na luta contra seu irmão, Ptolomeu XIII, sem chances de vencer e estando ansiosa para voltar ao poder, no inverno de 48 a.C., marcou um encontro com o homem mais poderoso daquele tempo: Caio Júlio César, cônsul e ditador da república romana, alegando que iria presenteá-lo com um tapete. Conta o filósofo e prosador grego Plutarco que, quando o servo de Cleópatra, Apolodoro, desenrolou o tal tapete para César, ele, na maturidade dos seus 54 anos, viu surgir do seu interior a belíssima rainha, nua em pelo, no esplendor dos seus 21 anos. Para êxtase e satisfação de César, ela argumentou que desejava conhecê-lo melhor, por estar encantada com ele e curiosa por suas histórias amorosas. Esse episódio, além de tornar Cleópatra amante de César, serviu para recompor o seu poder absoluto sobre o Egito”.
Essa cena, representada por Elizabeth Taylor e Richard Burton, transposta para as telas do antigo cine Centenário, me serviram como iniciação sexual , digamos, virtual, no primeiro filme proibido para menores de 18 anos a que pude assistir no final da década de 60, em tempos que não existia a internet e nem os RedTubes para saciarem a curiosidade de jovens adolescentes.
Foi durante as filmagens de Cleópatra, em 1963, que Liz Taylor e Burton se apaixonaram — e começaram um casamento de mais de uma década de duração — e eu vi , pela primeira vez, de costas ( nem pensar em nu frontal) , uma mulher nua: minha iniciação sexual.
A cena , se apresentada hoje, teria censura livre, e não chamaria a atenção nem de uma criança de dez anos.
Os tempos são outros.
Hoje a maioria das crianças, a partir dos 8, 9 anos, tendo oportunidade em aulas de orientação sexual, faz perguntas sobre camisinha, sexo anal, sexo oral, ereção e outros assuntos que ainda fazem corar alguns pais desavisados e que pensam que seus filhos ainda acreditam em cegonha, Papai Noel e coelhinho de Páscoa.
Hoje é comum o “ficar”, e, mesmo sem “ficar” ou namorar, é comum vermos jovens adolescentes, amigável e descompromissadamente, abraçando, beijando, tocando partes íntimas, achegando seus pares de forma (no meu tempo) íntima , em público, como se tudo fosse natural dentro dos valores ( se é que ainda existem e valem alguma coisa) aceitos por nossa sociedade ocidental.
E como em pouco tempo, qualquer crítica à conduta sexual, poderá levar à prisão no Brasil, é bom irmos nos acostumando: muitas novidades estão por surgir no desenrolar de futuros tapetes, não tão virtuais e nem lendários.
Sinal dos tempos.
COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO ACIMA:
Também assisti Cleópatra com Lyz Taylor e Richard Burton, como acompanhei, na época, o tumultuado casamento deles.
Se você era adolescente, na época, isto me deixa bastante entristecida pois já era recém-casada.
Veja só…Cine Luz… que fim levou?
Bons tempos. Pois ainda acreditava em tantas coisas…
Abraços
Vera Regina Gaetani
ANTONIO CARLOS TÓRTORO