A SAUNA , A ÓPERA E O PROFESSOR WILSON

“Ouvir ópera é alimentar a alma, refrigerar sentimentos nesse caos que é viver”

Já por dez semanas tenho adquirido  exemplares da Coleção Folha Grandes Óperas.
Adquiro o exemplar, aos sábados, na banca 13 de maio, rumo ao Clube de Regatas, e já vou degustando o conteúdo dos CDs que acompanham o livro de capa  dura impressos em papel nobre importado ( com breve biografia do compositor, explicações sobre a obra e sua história e o libreto no idioma original em Português para tornar mais fácil o acompanhamento das canções) , todos eles uma obra prima até na esmerada forma de apresentação.
Essa publicação da Folha nos permite apreciar as obras-primas do gênero o qual nasceu popular e marcou a história, permitindo que conheçamos as óperas mais famosas dos compositores emblemáticos da história da música, obras que ultrapassaram épocas e fronteiras e são mostra de um grandioso gênero musical que se mantém atual até hoje.
Carmen, Fidélio, O Barbeiro de Sevilha, La Traviata, A Flauta Mágica, La Bohème, O Guarani, Eugene Onegin, Lucia di Lammermoor, e agora,  A Valquíria são joias raras nas vozes de intérpretes internacionais, dentre eles Luciano Pavarotti, Plácido Domingo, José Carreras, Maria Callas e muitos outros.
Fui criado ouvindo trechos populares de óperas, numa vitrola que ocupava lugar de destaque na pequena e modesta sala de nossa casa na Olavo Bilac, Vila Seixas, ao som de Caruso, Gigli e outros, enquanto meu pai traduzia para mim o que seus ídolos interpretavam em italiano, no meio do chiado normal das agulhas, cortando as ranhuras dos pesados discos de vinil.
Por esse motivo, depois de ouvir os CDs da Folha, já entro na sauna do clube cantarolando baixinho,  buscando reproduzir árias que marcaram minha infância.
Mas nada substitui o assovio do professor Wilson.
Semanalmente, por muitos anos, quase que invisível, envolvido que ficava pelo vapor escaldante, sentado ao fundo da sauna, lado esquerdo de quem entra, o Professor Wilson Alves Ribeiro, Cadeira número 32 da ARE- Academia Ribeirãopretana de Educação, enriquecia o ambiente assoviando trechos de óperas, segura  e suavemente, trazendo para o ambiente de repouso e introspecção da sauna, sua colaboração cultural.
Infelizmente não o vejo há muito tempo.
Mas como é  incrível o poder da arte.
É impressionante saber que, após mais de quatrocentos anos, a ópera — que se desenvolveu e se transformou no drama musical de nossos dias, surgida em Florença, no final do Renascimento, devido aos esforços de um grupo de nobres florentinos conhecidos como a “camerata”, sendo a primeira obra intitulada “Dafne” , de Peri e Rinuccini, composta em 1594 — continua tão viva como nunca.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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