“Hoje, minha amiga Zezé Najem está num plano superior ao que vivemos e com toda certeza com a mesma alegria, elegância, bondade e vontade de viver que sempre teve”
Ed Mendes – Facebook
Estou precisando de uma força sobre-humana para resistir a duas perdas: João Rossato e Zezé Najem.
Falo sobre a força sobre-humana mencionada por Zygmunt Bauiman: “Nosso eterno estado de incerteza instila um anseio profundo e generalizado por uma força, qualquer tipo de força em que possamos confiar e que seja capaz de nos tranqüilizar sobre as causas dessa profunda, vaga e difusa consciência ou suspeita de insegurança que atormenta as pessoas comuns, dia e noite, neste mundo líquido moderno. O desejo é que, conhecendo essas causas, a força possa nos ensinar a combatê-las, reduzir-lhes o poder e neutralizá-las de maneira eficaz; ou, melhor ainda, que essa força seja por si mesma poderosa para realizar as tarefas que as pessoas normais, penalizadas com a inadequação de seus conhecimentos, habilidades e recursos, só podem sonhar em fazer por conta própria”.
Sobre João Rossato já falei no artigo “João Rossato virou relâmpago”.
Agora preciso falar da amiga e grande mulher — da mãe de Jamile e Alexandre — que conheci quando era Orientador Educacional do antigo Colégio Santa Úrsula, da rua São José.
Zezé , nos idos dos anos oitenta, entrou em minha sala para saber como estavam seus dois filhos adolescentes com relação às atividades escolares: na época — segundo notícias na mídia — ela havia dominado um marginal que invadira sua residência.
Bem vestida, personalidade forte, e um sorriso que brilhava mais que os colares e pulseiras devidamente utilizados por uma mulher ousada e assustadoramente segura, Zezé Najem e sua espontaneidade contagiante propiciaram o início entre nós de uma amizade que durou décadas.
Era tamanho o recíproco carinho entre nós que ela, carinhosamente, chamava minha filha Giovana, ainda jovem adolescente, de futura nora.
Nos últimos trinta anos muitos foram nossos encontros em eventos sociais, sempre ocorrendo, nessas oportunidades, uma aura de alegria, carinho e respeito envolvendo as conversas de Zezé comigo e minha esposa.
E tal como ocorreu no início de nosso relacionamento, o Colégio Santa Úrsula foi cenário de nosso último encontro em vida: ela foi minha convidada para ser mediadora de um encontro no Shopping Santa Úrsula, no dia do lançamento do meu livro “Piacevolezza”, em julho de 2010.
Ironicamente, nos últimos 30 dias, em dois domingos, dia em que os povos pagãos antigos reverenciavam seus deuses, dedicando-o ao astro Sol — o que originou outras denominações para esse dia, em inglês , Sunday, e no alemão, Sonntag, com o significado de “Dia do Sol” — Ribeirão Preto perde dois seres humanos que sempre foram luz para aqueles que tiveram a dádiva de conviver com eles.