VOCÊ PODERÁ SER MÃE DE UM FARAH

“A vida só pode ser vivida olhando-se para a frente, mas só pode ser compreendida olhando-se para trás”

 

Kierkegaard
O final do ano se aproxima com uma velocidade incrível.
Alguns costumam dizer que o ano começa depois do Carnaval e termina em agosto, o mês mais longo do ano: que  já passou.
Agora é hora dos pais começarem a ficar preocupados com a vida escolar de seus filhos, é a hora de descobrirem que o boletim escolar é entregue bimestralmente  e que o controle da situação ainda é possível, evitando-se a péssima notícia, que é  uma reprovação.
Em geral, pais de alunos com dificuldades de aprendizagem, distúrbios de comportamento,  transtornos do défict  de atenção, hiperatividade, e outras ocorrências afins, dificilmente aparecem na escola: a não ser que convidados, ou , às vezes , até intimados.
Mas algumas mães, superprotetoras e ansiosas, frequentemente visitam a sala do Orientador Educacional para obterem informações sobre seus filhos, tudo em nome de estarem sendo rigorosas,  severas, responsáveis, intransigentes, disciplinadoras, não permitindo aos filhos qualquer tipo de desvio das regras pré-estabelecidas em casa: algumas se esquecem que de eles  são humanos, falivelmente humanos.
São sempre visitas que poderiam ser mais proveitosas se as mães não carregassem consigo, como fazia São Cristovão, o peso do mundo: não admitem que seus filhos tirem conceitos ou notas abaixo da média, não aceitam que fiquem em recuperação, ficam aflitas com cada avaliação ou trabalho de pesquisa que é proposto, abominam qualquer tipo de crítica ou comentário — imediatamente pedem desculpas pelas falhas dos filhos e tomam para si todas as culpas como se fossem ataques pessoais do orientador  — enfim, sofrem , inutilmente , por antecipação.
E o resultado dessa superproteção é avassalador, pior, às vezes,  que o abandono, tendo em vista que produz jovens inseguros, tensos, estressados, agressivos ou apáticos, e que não conseguem resolver qualquer mínimo problema que venham a ter na escola   — com professores, coordenadores, outros alunos, funcionários  — ou com colegas fora do âmbito escolar.
Os pais que tiverem a oportunidade de ler na revista Época, de 14/09/2009, a reportagem “Não sei o que aconteceu. Eu surtei” , sobre o ex-cirurgião plástico, Farah Jorge Farah, poderão ler o seguinte: “No julgamento de Farah, o psiquiatra e psicanalista Beltrão analisou a relação de dona Amália com o filho. Ao esquartejar Maria do Carmo, diz Beltrão, Farah tentava destruir uma imagem simbólica de sua mãe — daquele amor sufocante e possessivo”.
Tudo em excesso  é prejudicial: inclusive o amor e a proteção exercida em seu nome..
É preciso que os pais mantenham um contato constante, mas  tranquilo e confiante,   com os educadores encarregados de parte importante da formação de seus filhos, é preciso andar olhando para a frente, e compreendendo as experiências, inclusive dos outros, que ficaram para trás.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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