“ Mas eu prefiro abrir as janelas
prá que entrem todos os insetos”
Chico Buarque
A tela da TV e o monitor do computador são janelas para o mundo: e foi debruçado nessas janelas que vi um mundo transformado em fábrica de psicopatas.
Essa realidade pode facilmente ser constatada quando pensamos, por exemplo, nas características da maioria dos poderosos — na política, nos negócios, nas religiões, nos movimentos nacionais e internacionais : são frios, egocêntricos, sem remorsos, insensíveis, sem sentimentos altruísticos e compaixão, não sentem remorsos, geralmente são inteligentes, mentirosos, manipuladores e não conseguem se enquadrar nos padrões éticos e morais da sociedade; vivem para satisfazer seus próprios desejos, mesmo que, para isso, tenham que desfalcar uma empresa ou matar alguém, não têm alucinações ou delírios, e sabem distinguir o certo do errado. O que os caracteriza é um defeito de caráter: para um psicopata, cortar uma pessoa ou um pedaço de barbante é a mesma coisa, diz , na revista Época, o neurologista Ricardo de Oliveira.
Agora vejamos na maioria das situações encontradas em nossa realidade escolar, reflexo dessa sociedade.
Pais, egocentricamente, achando que, no colégio, seu filho é o único aluno e que tudo deve ser e girar em torno de seus desejos e expectativas, sendo os demais simples coadjuvantes.
Alunos que são surdos aos apelos no sentido de participarem de movimentos altruístas, e que se divertem friamente, sem remorsos, sem compaixão, com as deficiências de seus companheiros de turma: é o bullying um mal que assola de forma endêmica as relações sociais.
Crianças, em tenra idade, e consequentemente jovens, mentirosos e manipuladores, e que não conseguem se enquadrar nos padrões éticos e morais da sociedade porque a maioria dos lares está em pedaços, e a formação inicial deles é um mosaico incompreensível de “sim” que pode ser “não” e, não que pode ser sim, e que com birras e chantagens emocionais buscam , e quase sempre conseguem satisfazer seus próprios desejos, mesmo que, para isso, tenham que bater nos pais, criar problemas no colégio, ameaçar se drogar ou fugir de casa . Na maioria dos casos, apresentam sérios defeitos de caráter que os pais insistem em não ver , buscando calar esses efeitos com remédios, dinheiro e permissividade total.
Nos pátios e nas salas de aula, não são incomuns crianças e jovens que se agridem , se empurram, trocam tapas e pontapés, ofendem-se com palavrões e machucam-se como se pessoas e bonecos de pano fossem a mesma coisa: tudo é, para eles, uma grande brincadeira. A empatia, que permitiria a cada um se identificar com o outro, o colocar-se no lugar do outro, quase já não existe: é cada um por si, e cada um sentindo-se só na multidão psicopática.
E o pior: a grande maioria prefere não olhar pelas janelas, e outros tentam , a todo os custo, fechá-las, fazendo como o avestruz que nega a realidade, como diz a lenda, enfiando a cabeça num buraco.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA :
Antonio, o tema que você escolheu para escrever, e você é competentíssimo nisso, representa muito bem a época que estamos vivendo e passa a ser parte da história.
Oswaldo de Oliveira Rosa
É complicado, lamentável, mas é uma verdade nos dias de hoje nos depararmos com a violência, a falta de educação, sendo que alguns anos atrás, tínhamos que respeitar o professor como se fosse um pai ou uma mãe.
Com todas as facilidades que temos hoje em termos de tecnologia, faltou a educação para acompanhar lado a lado as crianças e jovens para um rumo certo e proveitoso.
Mas como sou otimista e acredito nessa classe abençoada e persistente dos nossos professores, mesmo com baixo salário, mesmo sendo ameaçados, tempos virão que esse respeito voltará e os valores serão outros.
Fico estupefata diante de um professor que muito faz, e é o que menos ganha.
Com muita fé e esperança, acredito numa mudança, pois a bravura, o desperdício de oportunidades, a violência levará muitos ao arrependimento e, através de acontecimentos que servirão de exemplos, a idéia será reavaliada e a conquista reinará.
Deus abençoe os educadores!
Paz na terra e concórdia entre os homens.
Abraços mil.
Regina G. P. Machado