BEM NA FITA: A FOTOGRAFIA NA ESCOLA

Vivemos num mundo multimídia, em que saber ver é fundamental.
E para se aprender a ver, nada melhor que fotografar e ver  fotografias.
Segundo Edgar Morin, “o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social , histórico. Esta unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos. Desse modo, a condição humana deveria ser  o objeto essencial de todo o ensino.
E nada melhor do que a fotografia — que ensina a desenvolver o olhar — para evidenciar o elo indissolúvel entre a unidade e a diversidade de tudo que é humano.
Quem teve , ou tiver , a oportunidade de conhecer a coleção Folha de grandes fotógrafos, em 14 volumes, pode, ou poderá entender,  o que acabo de afirmar acima.
Nos olhares de Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, Elliott Erwitt, W. Eugene Smith, Sebastião Salgado, Araquém Alcântara, Alberto Korda e outros tão importantes quanto, podemos sentir de perto o poder das imagens que desnudam as nuances infinitas do comportamento humano em múltiplas situações: nas guerras, no trabalho, nas metrópoles, nos vilarejos, nos esportes, nas religiões, nas revoluções, no cinema.
Roland Barthes , em seu livro A câmara clara, menciona as palavras/elementos  studium e punctum.
Studium , segundo ele, é o que nos faz interessar por muitas fotografias, quer as recebamos como testemunhos políticos, quer as apreciemos como bons quadros históricos, pois que, é culturalmente que participamos das figuras, das caras, dos gestos, dos cenários, das ações.
O segundo elemento vem para quebrar, contrariar o studium: é o punctum.
O  punctum de uma foto é um ocaso que, nela, punge, fere, mortifica  o espectador. O punctum parte da cena, como uma flecha, e transpassa que o observa: eis alguns mistérios da arte fotográfica.
Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as intenções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas, aprová-las, desaprová-las, mas sempre compreendê-las, discuti-las, pois a cultura ( com que tem a ver o studium) é um contrato feito entre os criadores e os consumidores. Reconhecer o punctum é viver momento de êxtase, de reflexão, de incômodo, de possível mudança de paradigma. O punctum tem força metonímica , uma força de expansão que leva o observador  a uma releitura da foto, ou seja, mexe com a condição humana, faz rever conceitos, estimula a reflexão, além de ter o ato de fotografar a virtude de unir pessoas, fazer amigos, denunciar fatos e fazer a edição da vida de seres humanos.
Por esses e outros motivos que defendo a idéia da inserção da arte fotográfica no currículo escolar: enviei projeto nesse sentido à Secretaria da Educação de Ribeirão Preto.
Aceita a sugestão , ficaria a nossa Educação bem na foto, e na fita.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

 

COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA :
Tórtoro:

Bela reflexão.
A inclusão do Edgar Morin foi muito oportuna.
Abraços.

 

Dr Antônio Ruffino Netto

 

 

Excelente abordagem do tórtoro, principalmente porque publicada no dia do professor aliás, ele é um grande Mestre.
Sua proposta de inserir no currículo das escolas estudos sobre a arte fotográfica, pode despertar talentos e trabalhar a sensibilidade dos jovens.
Espero que a idéia seja acolhida rapidamente.

 

Corauci Sobrinho – Secretário da Cultura de Ribeirão Preto 2008

 

 

Caro amigo Tórtoro,

 

somente hoje li seu artigo.
Como sempre, admiro seus dons: professor,repórter, fotó-grafo e tantas atividades mais.
Realmente, seria interessante a  inclusão no currículo escolar da  arte fotográfica , incentivo a uma futura faculdade de imagem e som.
Mais uma vez parabéns, meu caro cidadão, educador, idealista.
Abraços fraternos.

 

Isaura Rodrigues Jorge

 

18-foto-na-escola

ARTIGOS, FOTOGRAFIA