“Poucas pessoas são capazes de expressar opiniões que diferem do seu ambiente social. A maioria das pessoas são sequer capazes de formar opiniões assim”.
Albert Einstein
Parece-me que a TV , e a mídia em geral, está dando um tempo para a H1N1.
Mas no final de julho, e início de agosto, muitos foram os acontecimentos, nos meios escolares, ocorridos devido a paranóia geral que tomou conta da população.
Num certo dia, o aluno entrou no colégio às sete horas e trinta minutos.
Meia hora depois, a mãe vai buscá-lo, alegando o direito de protegê-lo da gripe suína.
Pergunta: ela só descobrira e conversara sobre a suína gripe nos últimos trinta minutos daquele dia ?
Quanto interrogada sobre quando voltaria o filho às aulas normais, ela respondeu : na próxima semana.
Pergunta: será que ela sabia que, na próxima semana, ou muitas semanas depois, a gripe estaria atingindo a população da mesma maneira ?
Os pais de outro aluno comunicaram que ele não frequentaria as aulas nos próximos quinze dias porque eles, pais, eram da área da saúde, e os postos estavam lotados.
Pergunta: após quinze dias, os postos estariam todos vazios e os milhares de casos resolvidos ?
Um pai ligou dizendo que o filho estava gripado e perguntou se ele poderia frequentar normalmente as aulas. Respondemos que existia a exaustiva orientação dos órgãos de saúde, na mídia, no sentido de que jovens com gripe, qualquer que fosse ela — suína, aviária, espanhola, equina — não assistissem às aulas. No dia seguinte, o adoentado foi, e entrou na sala de aula com remédio, lencinho e tudo o mais, enviado pela mãe impotente para mantê-lo em casa.
Um aluno foi visto com máscara na sala de aula e alegou que a mãe, que trabalhava em hospital, dissera para ele ir de máscara, mas, enquanto estava sendo encaminhado para a direção, tirou a máscara nos corredores para que os colegas não o vissem “pagando mico”.
Pergunta: a mãe pensou que o filho, sendo o único a usar máscara numa comunidade de quase mil pessoas, estaria passando por uma situação constrangedora ? Teria ela tido autoridade para obrigá-lo a usar a tal máscara quando fosse ele ao shopping ou à balada com as gatinhas ? Saberia ela, em sendo da área da saúde, que os atingidos pela gripe é que deveriam utilizá-la ?
Estariam os pais atentos à mídia e às declarações de infectologistas de renome, ou simplesmente cedendo ao teatro de terror que só interessava às grandes multinacionais que produzem os Tamiflus da vida ?
As escolas públicas suspenderam por vinte dias as atividades escolares ao invés de aproveitarem a presença das crianças e jovens nas salas de aula para um trabalho em massa de orientações sobre como evitar a doença.
As escolas particulares quase que foram obrigadas a fazer parte da neura, por correrem o risco de não serem politicamente corretas, mas sabendo os prejuízos que seriam causados ao processo ensino-aprendizagem por uma paralisação tão prolongada: e agora nossos governantes, chegam a admitir a diminuição dos dias letivos, ampliando os prejuízos já causados.
Mas como bom senso não é vendido em balcões, aguardamos até a volta às aulas e, gozamos — conforme orientações de Marta Suplicy — prorrogando por mais uns dias, as comemorações do Dia do Orgasmo, ocorrido em 31 de julho.
Agora, que venham as novas ondas da gripe suína, que, como todo fato desconhecido, no meio de uma população que não sabe ler nem ouvir, levará, por mais algum tempo, as pessoas a atitudes, digamos, irracionais.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA
Mais uma crônica perfeita do mestre Tórtoro.
Com incrível realismo e muita coragem, coloca o dedo na ferida, isto é, no terrorismo sobre a gripe suína.
É leitura obrigatória para todos os fins de semana.
Parabéns, Tórtoro.
Corauci Sobrinho – Ex-deputado Federal.
Caro Tórtoro, saudações!!!
Bom senso, serenidade não mais fazem parte de uma sociedade assolada pelo merchandising da mídia comprada…
Nota 10 para você!!
Denise Jacometi
Caro amigo Tórtoro.
Trabalhamos com muitas diversificações de cultura, há pais que acham ser função da escola orientar, tomar providências sobre pandemias.
Para certas mães a escola é “abrigo” aos seus filhos,pois algumas têm que correr ao trabalho, e onde ficaria seu filho?
Outras precisam ir ao supermercado,cabeleireiro, ou “dar uma volta, pois estão estressadas, pois tantos dias o filho em casa, precisam espairecer.
Estando os filhos na escola, tudo bem, se houver algum sintoma de doença os responsáveis pelo colégio, tomarão providências: Diretor/coordenador.
Outras fúteis, expõe seu filho ao ridículo. isso é Brasil, a mídia está preocupada onde enterrarão mMchael Jackson.
Assim caminha a humanidade.
Mais uma vez, parabéns pelos seus artigos.
Isaura Rodrigues Jorge