MORRENDO DE INVEJA

“Os homens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si  próprios.”

Leon Tolstoi
Gosto de assistir futebol pela Band, e sou fã dos  comentários do Neto.
Mas sempre que o Sport Club Corinthians Paulista passa por uma boa fase, e vejo a euforia dos seus torcedores na telinha, volto aos idos dos anos setenta, quando trabalhei no SENAI de Ribeirão Preto, e torcia para o Botafogo Futebol Clube perder, perder sempre.
Motivo ?
Para não ver e ouvir , na hora do café, um determinado funcionário que , fanático, diante das vitórias do Pantera, atormentava os presentes com provocações de todas as formas possíveis e  imagináveis.
Em sendo assim, quando o tricolor perdia, todos respiravam aliviados — mesmo os demais botafoguenses, menos fervorosos — porque podiam tomar café em paz e conversar sobre outros assuntos que não futebol.
Infelizmente , alguns corintianos também não têm limites para provocações quando seu time está se saindo bem em algum campeonato, qualquer que seja ele.
Nos últimos dias, estou morrendo de inveja dos corintianos: tenho uma filha e um genro que torcem para o alvinegro do Mano.
E a dor de cotovelo aumentou principalmente depois que vi um cartaz na mão de um fiel torcedor,  após a vitória do timão sobre o Inter, na Copa do Brasil : campeões de tudo.
Deve tocar profundamente o ser, seguidamente, campeão da série B, campeão paulista e tricampeão da Copa do Brasil.
Pena que o meu São Paulo nunca foi campeão da série B (campeonato disputado pelos clubes colocados abaixo do lanterna da série A) e nem campeão, uma única vez sequer,  da Copa do Brasil ( campeonato disputado por aqueles que não conseguiram sequer a classificação para a  Libertadores) : temos somente três Libertadores da América, dois Mundiais de Clubes e seis Campeonatos Brasileiros.
Temos um longo caminho a percorrer  na história do futebol mundial, para sermos, quem sabe um dia — quando completarmos nosso centenário — o campeão dos campeões.
E o pior  é que, para chegarmos aos nossos mais altos objetivos,  não contamos com Ronaldo, um goleador, promessa para o futuro, com pouco mais de trinta anos.
Perdoem-me os leitores pela ironia, mas eu gostaria muito de ter podido  admirar os jogos da recente e passageira boa fase do Corinthians e o retorno do Fenômeno, sem pensar nos corintianos fanáticos e suas provocações histéricas e barulhentas    no dia seguinte, tendo em vista que , durante as ótimas fases do meu São Paulo, nunca abordei os torcedores de outras equipes com provocações e ofensas mesmo sendo as conquistas tricolores, internacionais e reconhecidas por todos que conhecem e acompanham o futebol.
São importantes as manifestações de alegria pelas conquistas alcançadas,  quaisquer que sejam  as equipes, mas é importante também que saibamos respeitar a história dos adversários, pois vejamos: o Corinthians terá que ser campeão das próximas três Libertadores e dos próximos três Mundiais  de Clubes para igualar-se, repito, igualar-se aos títulos dos que eles chamam, jocosamente, de “bâmbis”.
Portanto, mesmo se muita sorte bafejar pelos lados do Parque São Jorge, São Paulo e Corinthians somente estarão nas mesmas condições por volta de 2013.
Haja sorte…e paciência.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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