DIFÍCIL DE SER ENGOLIDO

“Diga o que você pensa com esperança./ Pense no que você faz com fé. / Faça o que você deve fazer com amor!”
Ana Carolina

Não pago pouco, mensalmente, por um convênio médico, e, por isso, sempre esperei receber dos profissionais da saúde, pelos quais fui atendido, no mínimo, um tratamento respeitoso, devido a qualquer ser humano.
Entendo que o básico procedimento que deve constar de um atendimento seja: ouvir atentamente o paciente e seu acompanhante, fazer perguntas que possam levar a um bom diagnóstico, medir pressão, usar o estetoscópio, apalpar as áreas doloridas, pedir os exames necessários para dirimir qualquer dúvida a respeito do caso, e, somente depois, receitar.
Recentemente, não consegui digerir um gastroenterologista.
A “consulta”, à altura das realizadas nos piores postos de saúde, durou, no máximo cinco minutos.
Na breve exposição permitida ao meu filho, com dores estomacais há mais de três dias, ficaram faltando informações importantes: mas minha esposa, a mãe do paciente, não pôde complementá-las: o “dotô” ignorou sua presença.
Em nenhum momento passou pela cabeça dele a possibilidade de meu filho estar se esquecendo de dados importantes, e concluiu a brevíssima consulta orientando-o a continuar tomando o medicamento indicado por uma médica de plantão, consultada na emergência, no dia anterior.
É óbvio que tivemos que procurar por outro gastro, um gastro de verdade, que me foi indicado por um excelente gastro que não atende ao meu plano de saúde.
E de gastro em gastro, conheci o Dr Pacheco, Eduardo Garcia Pacheco.
Atencioso, ouviu pacientemente ao meu filho, minha esposa e a mim. Auscultou, apalpou, mediu pressão, perguntou, e examinou o paciente como era de hábito fazerem os médicos de antigamente, e fez o encaminhamento para exames complementares: lembrei-me do amigo, Dr Luiz Carlos Raya, e de nossas conversas nas reuniões literárias da Academia Ribeirãopretana de Letras, em que ele sempre comentava da necessidade de serem seus colegas médicos, extremamente humanos no trato com seus pacientes.
Tenho um grande amigo que sofreu terrivelmente com um erro médico durante uma cirurgia de próstata e, agora, está sofrendo com outro erro médico: sua esposa foi “operada” de uma fratura na bacia e deverá sofrer novas cirurgias para tentar corrigir a primeira.
Na mídia, recentemente, tomamos conhecimento da triste história de uma jovem de 20 anos, belíssima, modelo, miss, que, após série de terríveis amputações, veio a falecer de uma infecção urinária: e todos os médicos consultados afirmam que esse é um caso raro.
Como podem, em nosso país, ser considerados raros esses casos de péssimo atendimento, quando o CRM recebe em torno de duas mil e oitocentas denúncias, e nenhum médico é punido, segundo notícias veiculadas pela mídia?
Profissionais de má vontade, que não sabem respeitar seres humanos, e desconhecem Hipócrates, são prejudiciais não somente à saúde de seus pacientes, mas também às empresas que os acolhem como profissionais.
Para que possamos fazer o que sugere o Presidente Obama em seu discurso de posse — “Vamos restabelecer a ciência a seu devido lugar e utilizar as maravilhas da tecnologia para melhorar a qualidade dos serviços de saúde…” — precisamos, cada vez mais, de Pachecos: profissionais que fazem com amor.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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