NILVA NÃO MORREU.

“A onda de vida humana é como a água, disse Goethe: desce à Terra, aqui circula, até que de novo se evapora, subindo aos planos superiores, em estado fluído, para novamente se condensar e descer ao plano físico, repetindo-se o ciclo e outros ciclos”.
NILVA-E-EU

Elvis não morreu.
Minha mais cara e preferida sóror, Nilva Mariani, também não morreu.
Como escreveu o poeta John Mc Creery, ela não está morta, apenas passou além da névoa que aqui nos cega, para uma vida nova e maior, naquela esfera mais serena.
Nilva e eu somos, e seremos sempre, rosacruzes e, como tal, para nós a morte é somente uma mudança de consciência.
E, sendo assim a morte, Nilva permanecerá presente entre nós,consequência de seu desenvolvimento espiritual e do exemplo de sua vida.
Sonhei com Nilva toda de branco no último domingo antes de seu desencarne, e o encontro me transmitiu a mesma paz de sempre: Nilva tinha para cada situação uma palavra de esperança, de harmonia, de conciliação, de perdão.
Conheci Nilva — quando ela ocupava a Cadeira número 39, que tem como Patrono Érico Veríssimo — na década de noventa, no período em que fui aceito acadêmico da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras, e, nesses mais de vinte anos, ela foi para mim eterna escudeira, principalmente nos mais de dez anos em que fui presidente do sodalício.
Nilva foi a única que colocou mãos à obra quando organizamos o que havia sobrado da biblioteca da ARL — um amontoado fétido de livros, poeira, fezes de ratos, restos de baratas — a qual, recuperada, o Centro Cultural Palace hoje oferece ao público graças à intervenção recente da minha amiga e colega de academia, Vera Gaetani.
Nilva nunca disse “não” quando convidada por mim para ser jurada de dezenas de concurso literários, mesmo depois do meu afastamento das atividades da ARL.
Nilva foi a primeira escritora — de uma série de mais de setenta, até o momento — a aceitar meu convite para realizar manhã de autógrafos na biblioteca do Clube de Regatas, e voltou pela segunda vez.
Nilva fez parte, comigo, dos primeiros escritores a frequentarem a, na época, recém criada CPERP- Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, nos tempos dos capitães Passos e Fabelino.
Nilva nunca faltava às nossas reuniões da ARL e, quando da fundação da ARE- Academia Ribeirão-pretana de Educação, idealizada por mim e nascida nas reuniões mensais da ARL, ela, desde o primeiro momento, mostrou-se empolgada e participante de todo o processo.
Nilva foi minha fiel parceira em muitas atividades das primeiras Feiras do Livro de Ribeirão Preto.
Nilva é culta, bem informada e, por isso, insatisfeita com a nossa realidade, docemente revoltada com as injustiças, parecendo sempre conviver com bruxas e deuses em serão inquieto.
Nilva e eu, sóror e frater, estaremos juntos para sempre em diversas antologias, em especial na mais importante e recente, Ave palavras !
Agora, quando a chuva passar, olhando para trás, e computados os pontos prós e contras, noves fora, sobrará — para aqueles que tiveram a graça de conviver, entre o céu e a terra, em ambiências diversas com a escritora/professora/declamadora/pintora — a história de vida de uma pessoa inesquecível e iluminada.
Enfim, NIlva, boca amarela, terá sepultados seus restos mortais ao lado dos de seus pais e irmãos — na Orlândia do sempre admirado por ela, seu ex-professor Cyro Armando Catta Preta — longe do Clube de Regatas e dos arvoredos sob os quais costumava sentar-se em alguns finais de semana, mas muito, muito perto de cada um dos corações de alunos, professores e colegas de empreitadas educacionais e literárias que tiveram a honra de conhecê-la e de privarem de sua companhia…
Até o dia em que novamente sua alma descerá à terra para, quem sabe, a gente se encontrar para outra folia.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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