PALACE, ROLLEIFLEX E NEOFOTÓGRAFOS


“A fotografia sempre me espanta, com um espanto que dura e se renova, inesgotavelmente”.

Roland Barthes

Na noite de 6 de maio de 2014 — um dia antes do 14º. aniversário do Grupo Amigos da Fotografia — Elza Rossato reuniu, no Centro Cultural Palace, — um prédio histórico, dos tempos da Rolleiflex — alunos , professores e convidados especiais de mais um curso de fotografia do GAF.
Em tempo: Rolleiflex é o nome de uma famosa, duradoura e diversificada linha de máquinas fotográficas fabricadas pela empresa alemã Franke & Heidecke. A linha de produção Rolleiflex destinava-se exclusivamente aos fotógrafos profissionais. A primeira Rolleiflex era um modelo TLR e foi fabricada em 1929, após três anos de desenvolvimento e foi a primeira câmera fotográfica de tamanho médio e que usava o (ainda) impopular filme em rolo modelo 120.
Na oportunidade pude reencontrar vários amigos das lides culturais — Alessandro Maraca (Secretário de Cultura) , Fernando Calzzani, Ewaldo Arantes (Diretor do MIS) , Osmar Barra, Clivonei Roberto, Marcelo Sant’Anna , Prof. Lages, , Claudio Bauso (parceiro em diversos conselhos municipais) — e, na companhia deles, viver mais um momento importante para a fotografia ribeirãopretana: a formação de novos profissionais da área, sob a orientação da Mestra , Elza Fotografia Rossato.
Foi gratificante ver tantos jovens — Ingrid Stephani, Vera Fonzara, Marily Nery, Sandra Fachin, Carol Barata, Amanda Silva, Maria José Santana, Marcos Reis, Juliana Santos, Larissa Pereira, José Viana, Letícia Bueno, Leandro Murari e André Boarini — com suas futuras ferramentas de trabalho, clicando cada passo da solenidade simples, mas marcante, seguida de um coquetel servido aos presentes. Nesse momento, vendo flashes e poses, não sei por qual motivo me veio à mente o fotógrafo Moya ( personagem do livro Cirandeiros da Praça XV, de Edson Senne) que usava sua Rolleiflex…sem filme, para entrar, comer e beber nas festas da época, fazendo de conta que tirava fotos dos convidados.
Dentre os que tomaram a palavra, destaco a demonstração de carinho e respeito demonstrados no texto do neofotógrafo, André Boarini: “Elza não nos ensinou apenas a desvendar mistérios lógicos, mas enriqueceu nosso íntimo ao nos mostrar que poderíamos descortinar emoções com um simples click. Ensinou-nos ver não apenas pelo mesmo orifício que muitos veem, mas a olhar 360 graus e a fazer de nossa visão a própria máquina fotográfica. Quem aqui hoje não olha uma cena e pensa: ‘Nossa! Isso dá uma foto incrível?’ Muitos dos professores que passaram por nossas vidas foram temporários. Mas Elza é uma professora especial , inesquecível”.
E finalizou: “ Elza Rossato, para muitos. Para mim, a Minha Loira: Você não foi apenas uma professora. Sempre será a nossa Mestra, porque além de compartilhar conosco seus conhecimentos, você foi humana, e dividiu um pedacinho de seu coração, de suas dores, de suas lágrimas com seus alunos. A partir de hoje, nos lembraremos de você a cada click, a cada foco, a cada ajuste de ISO e da velocidade. Deixamos aqui o nosso muito obrigado, e saiba que você sempre estará em nossos corações, independentemente sermos Canon ou Nikon”.
Mas o que espero mesmo é que, além dos conhecimentos técnicos adquiridos pelos jovens escritores — que aprenderam as primeiras letras da escrita com luz, porque o texto final somente será escrito por eles após muito tempo de trabalho e experiências — tenham aprendido, por osmose, a sentir o mesmo amor que Elza sente pela arte fotográfica, e apresentem, sempre, no decorrer de suas vidas, a mesma dedicação e desprendimento da incansável Mestra.
Enquanto isso, na entrada do antigo Palace Hotel — após terem prestigiado, sem serem notados,as fotos expostas no 1º. e 2º. Andar, e terem degustado um pedaço do bolo que Elza preparou para comemorar o aniversário de minha esposa Lu Degobbi — animados e descontraidamente, João Rossato, PC Falsetti, Cartier-Bresson e Daguerre, trocavam idéias sobre a descoberta e utilização das novas tecnologias aplicadas à arte fotográfica, sob a proteção divina de belíssimos detalhes de obras arquitetônicas inspiradas na cultura francesa.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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