UM FRANKENSTEIN NO PALACE DURANTE A 17ª. SEMANA DA FOTOGRAFIA
“Respeitar é ser respeitado. Tratar a arte de forma digna é ser tratado da mesma maneira por ela”.
Não inicio este meu artigo com um palavrão somente em respeito aos meus leitores.
Acabo de ser testemunha de uma das maiores agressões aos fotógrafos e à fotografia que a arte de Daguerre já sofreu durante uma Semana da Fotografia de Ribeirão Preto.
Em primeiro lugar, em nenhum cartaz ou banner está mencionado que a exposição é em comemoração à 17ª. Semana da Fotografia: o que não ocorre com o nome e logo de uma galeria de arte que parece ter tomado conta do, para mim, desastroso evento.
A exposição fotográfica Poéticas Visuais, aberta na noite de 5 de setembro de 2014, que se propunha a ser um ensaio poético, transformou-se em filme de horror para quem admira a arte fotográfica.
Um desrespeito imperdoável da parte de quem assumiu a responsabilidade de montar uma exposição que estivesse à altura do Centro Cultural Palace, da Fotografia, do Grupo Amigos da Fotografia e da Capital da Cultura.
As fotos, dispostas sem um mínimo de bom gosto, foram coladas em placas de Eucatex manchadas e tortas, sem nenhuma preocupação de dispô-las, no mínimo, de forma geometricamente agradável — faltava foto e sobrava um fundo horrível que concorria com a obra principal — e cobrir as manchas criadas pelo tempo e excesso de uso: um perfeito Frankenstein.
O espaço inadequado — o que poderíamos chamar, adequadamente, de quintal do Palace — , e sem iluminação adequada, humilhava-se ante as obras de artes plásticas, essas sim, expostas em salas bem iluminadas, painéis todos brancos, recebendo o devido respeito que qualquer arte merece.
Com náuseas e revolta, não consegui permanecer no local da exposição mais do que o tempo suficiente e necessário para comunicar meu desagrado aos responsáveis pelo espaço público que ajudei a se transformar no que é hoje: perdi horas de trabalho em reuniões do Conselho de Cultura que, na época, defendia a troca do prédio do antigo Hotel Palace por uma rua da Cia. Antarctica Paulista.
A vontade que tive, na realidade, foi a de retirar minhas fotos das garras das placas de Eucatex antes de me retirar do recinto, com o intuito de salvá-las da situação ridícula e desrespeitosa a que estavam sendo expostas.
Apesar de não ser novidade o desrespeito que a fotografia ribeirãopretana vem sofrendo há anos na chamada Capital da Cultura, mesmo diante dos inestimáveis serviços prestados pelo Grupo Amigos da Fotografia, criado pelo saudoso e Mestre da Fotografia, João Rossato: que o diga Elza Rossato, uma batalhadora incansável na defesa dessa que , mesmo que alguns não queiram é uma arte, e merece respeito.
Enfim, a Fotografia não pode ser usada como tapa buraco em evento algum, não quer esmolas ( espaços que sobram) , exige respeito.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br
COMENTÁRIO DO DR FERNANDO GAYA SOBRE O ARTIGO ACIMA:
Concordo em gênero, número e grau. Pensei estar entrando num oficina mecânica, tipo “rua da matriz 27, fundos”. Idade Média. Chocante.