DOS BEATLES E ELVIS PARA O MALTA

MALTA
Tudo começou numa tarde de domingo.
Enquanto na sala eu via jogar meu São Paulo, ouvi que do quarto minha esposa vinha um som um pouco mais alto que o normal: era do reality show SuperStar, da Globo, em que se apresentava uma, até então, desconhecida Banda: a Malta.
Não era qualquer som.
Era um som que agia sobre mim como o do Flautista de Hamelin sobre ratos e crianças, no conto folclórico dos Irmãos Grimmm: ele me arrancava do século XXI e me conduzia à década de sessenta quando o som dos Beatles e Elvis eram meus preferidos.
Fui até meu quarto e ouvi uma canção composta de versos falando de amor e de relacionamentos…
“Hoje eu vejo que não consigo entender / O que houve entre nós / Eu ainda consigo ouvir sua voz / Me dizendo o que eu já sei…”
…encapsulados em sons metalicamente brutos, mas incrivelmente familiares e suaves para minha alma sexagenária.
“E quando eu me perco em suas memórias / Vejo um espelho contando histórias / Sei que é difícil de esquecer essa dor / E quando penso no que vivemos / Fecho os olhos, me perco no tempo / Pra mim não acabou…”
Um som que eu diria, dialético, em que tons suaves e agressivos acordes, dor e amor, conviviam em perfeita harmonia, tudo isso permeado por uma voz afinada e sensualmente rouca, uma voz que eu gostaria de tomar emprestada para cantar meu amor por minha eterna companheira, Lu, minha luz, por mais de quarenta anos.

“Tudo tem um começo e um fim / Eu vejo a dor em seu olhar / E mesmo sem querer eu te deixo partir…”

Mais recentemente voltei a ouvir o som jovem que me encantou naquele domingo ao assistir a novela Alto Astral e ouvir o tema Diz Pra Mim:

“Você está na sombra do olhar / Pensei em te guardar / Mas foi melhor assim / Na sombra do olhar / Tentei te encontrar / Mas nada além de mim…”

Agora ouço no meu carro outras canções desses meninos — Bruno Boncini (vocal) , Thor Moares (guitarra) , Diego Lopes (baixo) e Adriano Daga (bateria) — que me fizeram, dentro do possível, e musicalmente, me sentir jovem: Mais que o Sol, Entre nós Dois, Nova História, Lendas, Alguém, Tudo outra vez…

Há muitos anos deixei para trás meu tempo de tietar artistas e bandas mas o Malta está, tentadoramente, me fazendo mudar de ideia.
Fico imaginando os resultados revitalizadores, ao vivo, do som desse quarteto nacional, de pop rock, sobre um sessentão com alma de trinta.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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