LI E GOSTEI: POESIA DE TELHADO

SUBINDO NO TELHADO COM ALICE

“Ó como estou atrasado! Tenho que correr!”,

Coelho branco em Alice no país das maravilhas.

Depois de correr por seis meses, aproveito merecidas férias escolares lendo bons livros.
Comecei por Poesia de telhado, de João Augusto, terceiro livro do autor de Sem a sombra de um guarda-chuva, obra em que já se revelara um excelente poeta, segundo palavras de minha amiga e grande escritora ribeirãopretana , Ely Vieitez Lisboa.
E sem que percebesse, mergulhei numa cachoeira de sonhos, entrei num mundo mágico/poético de Alice, aquela do país das maravilhas: “Todo ato racional /Em minha poesia/ É um mal-entendido”.
Para quem não sabe, Alice no país das maravilhas, é um clássico que há mais de cem anos vem encantando pais e filhos no mundo todo e que ao contrário do que muitos dizem, foi uma obra direcionada não apenas para os nossos pequeninos. A tão conhecida história que narra as aventuras de Alice em um mundo mágico e cheio de seres mágicos foi eternizada pelo lindo longa-metragem dos estúdios Disney: filme que fez com que o universo surreal de Lewis Carroll se espalhasse pelos quatros cantos do mundo, chegando até mesmo a ofuscar a ótima obra literária por trás de tudo.
Mas voltemos ao mágico/poético telhado de João Augusto a respeito do qual o Prêmio Jabuti de 2000 ,  Menalton Braff, escreveu  :  “João Augusto não escreve a poesia — ela brota em sua pele, perturbadora, mas com o frescor do orvalho que nasce da relva”.  E completa: “ nesse livro, o sabor surrealista vem tingido com as cores dos dramas humanos, mas sem perder a surpresa das combinações insólitas, sem abrir mão de ser — em primeiro lugar — poesia maior”.
Em Poesia de telhado (pag. 43) entendi o motivo pelo qual minha amiga/fotógrafa Elza Rossato gosta de subir no telhado quando está  triste: “ Tudo o que não coube / Em meu cômodo térreo e amarelado/ Está docemente depositado / Entre a cordilheira incendiada de telhados / Os olhos azuis do céu / E o corpo negro de Deus”.
Em Espanhola (pag 31), borboleteei, e caí nos braços de Penélope Cruz: “…flor espanhola dos seios enluarados …”
Continuo mergulhando nas oitenta páginas transbordantes de amor  — “ Escrever me oferece um destino ? Mas é o amor que me dá um começo “ — e após o Intervalo (pag) 66  —  “Este poema é um intervalo / Para que penses que / Na próxima página / Haverá uma verdade . “ —, descubro , ao invés da verdade/realidade, que : “ Há uma vaca na vidraça /Da janela de meu quarto “.
Enfim, terminada a leitura, deixei sobre a escrivaninha o exemplar recebido de presente — com a dedicatória: “Para o professor Tórtoro, com carinho e admiração” —, como porta-retrato, permitindo assim que o tempo venha me mostrar a influência dos poemas de João Augusto sobre mim.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ANCARTOR@YAHOO.COM
WWW.TORTORO.COM.BR

COMENTÁRIO DO AUTOR SOBRE O ARTIGO ACIMA  :JOÃO AUGUSTO

Que doçura de texto, professor.
Repleto de lirismo e ternura.
Obrigado por partilhar da minha/nossa poesia.
O autor, singelamente, agradece.70_12392-1

Li e gostei, LITERATURA