LI E GOSTEI: DIAS PERFEITOS

CAPA DIAS PERFEITOS

TÉO: QUASE DEUS.
“Há sempre alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura”.
Friedrich Nietzsche

Tomei conhecimento da existência do livro Dias Perfeitos, de Raphael Montes, quando eu assistia a mais um capítulo da novela A Regra do Jogo, na TV Globo.
O livro estava nas mãos do personagem Gibson, interpretado por José de Abreu.
E pude constatar ser verdade o que Scott Turow escreveu sobre esse jovem autor — nasceu em 1990, no Rio de Janeiro: “Raphael Montes está entre os mais brilhantes ficcionistas jovens que conheço. Ele certamente vai redefinir a literatura policial brasileira e surgir como uma figura da cena literária mundial”.
É incrível a capacidade que tem o autor de prender nossa atenção e de criar fatos e situações inesperadas em cada uma das 274 páginas do livro.
Em alguns momentos imaginamos que o romance policial cairá numa nova história em que ocorrerá a conhecida Síndrome de Estocolmo: “Estou gostando de gostar de você, Téo. Por favor, não destrua isso”.
Mas não.
Dias Perfeitos se aproxima mais da história contada no filme Encaixotando Helena — em que Nick Cavanaugh (Julian Sands), um famoso cirurgião, fica obcecado pela beleza de Helena (Sherilyn Fenn), uma prostituta. Ela o rejeita, mas mesmo assim ele tenta convencê-la que um necessita do outro. No entanto ela tem outros planos, mas acaba sendo vítima de um terrível acidente que a deixa nas mãos do médico, que tem então uma macabra ideia para não mais perdê-la.
Mas Dias Perfeitos não é Encaixotando Helena apesar de Clarice fazer algumas viagens dentro de uma Samsonite cor-de-rosa.
No livro de Montes o personagem principal é um estudante de medicina chamado Téo, e a sua vítima é Clarice. E haja suspense, violência, diálogos ágeis, trama vibrante e pleno domínio do andamento narrativo, sem contar as doses de ironia e perversidade, num mergulho pela psique de um assassino metódico, engenhoso e, sobretudo, apaixonado.
Em resumo: “Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas — Amanda, Priscila e Carol — que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável: é quase um Deus determinando os rumos da vida de Clarice. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional”.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

ACADEMIAS, ARE-Academia Ribeirão-pretana de Educação, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, ARTIGOS, Li e gostei, LITERATURA