LI E GOSTEI: NAS TRILHAS DO TEMPO

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BOAT JYO LITERÁRIO

“O oceano seria menor se essa pequena gota faltasse”

Madre Tereza de Calcutá

No último dia 22 de agosto recebi pelos correios um exemplar do livro “Nas trilhas do tempo”, de Wilson Salgado com a dedicatória: “ Caro Toninho, cada um de nós tem suas trilhas. Só a vida nos ensina qual é a sua. Abraço”.
Foi presente de aniversário: 67 anos numa trilha em que um dia conheci o professor de latim e português, músico-compositor do Hino da ARE- Academia Ribeirão-pretana de Educação, membro da ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras, dentre outras atividades menos culturais: Wilson Salgado.
Como ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras, e devido a essa amizade, tive a honra e o desafio de prefaciar dois livros desse poeta-família — que ama profundamente sua esposa Marli, seu filho Júnior, seu neto Vinícius e a nora Valéria: “A dança das horas” e “ A montanha dourada”.
Li numa única tacada, no último fim de semana, as 148 páginas de um trabalho que me fez lembrar um boat jyo, aquele barco de comida japonesa, mas que ao invés de sashimis, sushis, yasaimaki, sakemaki, gunka, nos oferece gotas de luz em forma de poemas e pequenos textos, deliciosos e maduros de Arthur Miller, Henfil, Aristóteles, Shakespeare, Santo Agostinho, Vicente de Carvalho, Confúcio, Bíblia, Novo Testamento, Guimarães Rosa, Luis Vieira, Platão, Mario Quintana, Castro Alves, Barack Obama, Jean Paul Sartre, Paul Verlaine, Olavo Bilac, Disraeli, Gonçalves Dias, Augusto dos Anjos, Camões, Rabelais, Machado de Assis, e tudo servido com um sake de mais de oitenta anos: versos e poemas do próprio autor.
Um alimento para o espírito.
Itadakimasu!!!
No livro o reconhecido senso de humor de Wilson: “À sombra de um salgueiro me sentei, / tecer lindos poemas eu tentei…/ Meu lápis encalhou antes do verso!” – pag. 113.
Na pag.122 a sutil homenagem à esposa : “ A bondade de Deus/ no azul do mar senti. / A grandeza do universo, / no azul do mar, vi. / E lindos olhos azuis, / no azul do mar, li”.
Na parte intitulada “Paralelo” uma troca de poemas com o neto Vinícius que escrevia direto de Ushuaia.
Nas páginas 123 a 131 poemas em homenagem aos seus familiares mais próximos e queridos.
E para fechar o cardápio nipônico, mais uma gota poética, que fala de uma tão desejada paz universal, um dos poemas mais belos de José Marti, no original e traduzido:

Cultivo uma rosa branca
Em julho como em janeiro
Para o amigo sincero
Que me dá sua mão franca.

E para o cruel que me arranca
O coração com que vivo,
Espinho nem urtiga cultivo,
Cultivo uma rosa branca.

Gochisousama!!!

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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